Acordamos dia 29 debaixo de uma forte tormenta em Salina Cruz. O furacão “Bárbara” estava encostando na região e começamos a temer pela nossa viagem de retorno. Nosso guia havia nos alertado sobre a possibilidade de haver queda de barreira na estrada até Puerto Escondido e a nossa volta começou a tomar contornos dramáticos. O Fito nos pegou no hotel às 7:30 da manhã para nos levar até a rodoviária e chovia bastante. O ônibus demorou quase uma hora para chegar (vinha de Oaxaca) devido às chuvas na estrada. Enquanto aguardávamos na estação, os telejornais começavam a repercutir os estragos causados pelo “Bárbara”. Embarcamos cerca de 8:30 e durante a viagem de cerca de 5 horas, deparamos com vários desmoronamentos na estrada, mas para nossa sorte, nenhum deles interrompeu completamente o caminho, impedindo a passagem dos veículos.
Chegamos em Puerto quase 2 hrs da tarde e nos hospedamos novamente no Hotel Arco-Íris. Tínhamos a expectativa de darmos um banho em Zicatela neste dia, porém com os fortes ventos e chuvas da tormenta, o mar estava totalmente revolto e não havia ninguém surfando. Acabamos tirando o dia para descansar e ficamos torcendo que chovesse tudo o que tinha para chover naquele dia, a fim de que no dia seguinte o tempo estivesse mais limpo e não impedisse a decolagem do nosso vôo de retorno para a Cidade do México.
O dia 30 amanheceu já sem chuvas, com ventos mais fracos e com nosso vôo confirmado. Tomamos o café-da-manhã, arrumamos as malas e nos mandamos então para o aeroporto de Puerto Escondido.






Nosso voo chegou na Cidade do México no início da tarde e nem perdemos tempo: largamos as malas no hostel (o mesmo que havíamos ficado no início da trip), batemos um rango rapidinho e saímos para fazer mais uns passeios na capital mexicana.

Pegamos um táxi elétrico (havia um ponto deles bem em frente ao nosso hostel) e pedimos que nos levasse até os Bosques de Chapultepec. No início da trip havíamos ido até lá, mas como chegamos depois das 6 da tarde não permitiram a nossa entrada. Desta vez chegamos cedo e pudemos passear à vontade.





Os Bosques de Chapultepec é o pulmão verde da Cidade do México, sendo considerado um dos parques mais bonitos do mundo. Está localizado em um dos extremos do Passeo La Reforma, aos pés da colina onde foi erguido o Castelo de Chapultepec, este, comparável em suntuosidade aos palácios da Europa, e onde viveram o imperador Maximiliano e a imperatriz Carlota do México. O castelo atualmente alberga o Museu de História Nacional e em 1996, foi utilizado como cenário na realização do filme Romeo + Juliet, protagonizado por Leonardo DiCaprio. O Parque Chapultepec possui lagos, áreas para descanso, árvores de mais de 700 anos, bem como o zoológico, o jardim botânico da capital mexicana, o parque de diversões La Feria e o Museu Nacional de Antropologia.





















Depois de percorrermos os bosques, visitarmos o Castelo de Chapultepec e o Museu de Antropologia, voltamos para o centro histórico e visitamos o Palácio Postal, que é um dos edifícios mais emblemáticos do Centro Histórico da Cidade do México. Esta imponente obra de arquitetura eclética foi levantada no começo do século XX como um dos símbolos do desenvolvimento e progresso que os mexicanos haviam alcançado naquele momento. Na década de 50 o palácio foi modificado para ligá-lo ao prédio do Banco do México, destruindo muitos dos elementos de decoração que havia originalmente. Porém, no terremoto de 1985, o prédio foi severamente danificado, o que resultou em um grande trabalho de restauração, devolvendo ao prédio a sua construção e decoração original.





Próximo ao Palácio Postal, passamos pelo MUNAL (Museo Nacional de Arte), pelo Palácio de Belas Artes e por diversas outras construções coloniais da capital mexicana. Aproveitamos então o final de tarde, para subirmos mais uma vez no Mirante da Torre Latinoamericana, desta vez para apreciarmos a vista panorâmica da cidade durante o dia.





























À noite, após a janta, ainda dei um rolê na Praça Garibaldi, que é famosa pelos grupos de Mariachi que ali se reúnem, vestidos com suas vestimentas típicas e equipados com seus instrumentos musicais, e tocam e cantam por toda a noite.





No dia seguinte, após o desayuno, fomos visitar o sitio arqueológico e o museu do Templo Mayor, localizados a noroeste do Zócalo, quase ao lado da Catedral Metropolitana. Este templo era um dos principais templos dos astecas da sua capital Tenochtitlan (atual Cidade do México) e foi destruído pelos espanhóis em 1521. O templo estava dedicado a dois deuses em simultâneo, Huitzilopochtli, deus da guerra e Tlaloc, deus da chuva e da agricultura, cada um deles com um santuário no topo da pirâmide e cada um destes com a sua própria escadaria. Medindo aproximadamente 100 por 80 metros na base, o templo dominava o Recinto Sagrado. A construção do primeiro templo teve início algum tempo depois de 1325, tendo sido reconstruído posteriormente por seis vezes. Após a destruição de Tenochtitlan, o Templo Mayor, tal como a maior parte da cidade azteca, foi desmantelado e depois coberto pela nova cidade colonial espanhola. A localização exata do templo foi esquecida, e pensava-se que a localização do templo fosse sob a Catedral Metropolitana.
Em 25 de fevereiro de 1978, os trabalhadores de uma companhia de eletricidade encontravam-se a abrir um buraco num local da cidade conhecido como a “ilha dos cães.” Tal nome tinha origem no fato de ser um local ligeiramente elevado relativamente ao resto da vizinhança e quando havia inundações, os cães de rua congregavam-se ali. A dois metros de profundidade encontraram um monolito pré-hispânico que depois se viu ser um disco enorme com mais de 3,25 m de diâmetro, 30 cm de espessura e pesando 8,5 toneladas. O relevo na pedra foi mais tarde identificado como sendo Coyolxauhqui, a deusa da lua, datado do final do século XV.
Entre 1978 e 1982, especialistas trabalharam no projeto de escavação do templo. As escavações iniciais permitiram verificar que muitos dos artefatos se encontravam em condição suficientemente boa para serem estudados. Os vários esforços resultaram no projeto do Templo Mayor, o qual foi autorizado por decreto presidencial. Para permitir a escavação, treze edifícios desta área da cidade tiveram que ser demolidos. Durante as escavações foram encontrados mais de 7000 objetos que estão atualmente guardados no Museu do Templo Mayor. Este museu é o resultado do trabalho efetuado desde o início da década de 1980 para resgatar, conservar e estudar o Templo Mayor, o seu Recinto Sagrado e todos os objetos com ele associados e existe para tornar todas as descobertas acessíveis ao público.


































Após esta imersão na cultura Azteca, pegamos o metro até a estação Balderas e fomos ao Mercado de Artesanias La Ciudadela, que é um dos mercados mais populares para comprar artesanatos ou objetos típicos mexicanos. Lá encontram-se artigos de cerâmica, violas mexicanas, sombreros, tequila, redes, talheres, esqueletos, tapetes, objetos de barro e madeira, máscaras, trajes típicos e tudo mais que se possa imaginar… Compramos alguns regalos lá e voltamos ao Zócalo, novamente de metro, para almoçar.


Após o rango, demos uma descansada no hostel e a seguir pegamos um táxi até o famoso Estádio Azteca, um dos templos do futebol mundial. O Azteca é o maior estádio do país e casa da seleção mexicana e do clube América do México. Sua capacidade é de 105 mil espectadores. Foi neste estádio que o Brasil foi campeão da copa do mundo de 1970, consagrando Pelé como “O Rei do Futebol”, e onde Maradona se consolidou como figura histórica do futebol mundial, ao fazer dois gols emblemáticos na copa de 86 contra a Inglaterra. Um ao driblar meio time inglês partindo desde o meio-de-campo e outro, o famoso gol de “La mano de Dios”. É o único estádio do mundo a sediar duas finais de Copa e é o estádio que mais recebeu jogos na história das copas.



Fizemos um tour guiado pelo estádio, percorrendo a sua parte externa, vestiários, sala de imprensa, túnel de acesso ao campo e o campo e as arquibancadas. Foi uma visita muito legal e havia um sentimento de muito orgulho entre os funcionários do estádio e do América, pois no meio da semana, o América havia se sagrado campeão mexicano jogando neste estádio, em mais uma disputa histórica naquela cancha. O América havia perdido o primeiro jogo para o Cruz Azul por um a zero, e estava perdendo também a partida de volta, no Estádio Azteca, por um a zero até os 44 minutos do segundo tempo, quando após muita pressão conseguiu empatar o jogo, mesmo jogando bom tempo com um jogador a menos. A partida já estava nos descontos, quando em uma cobrança de escanteio, o GOLEIRO do América, em um ato de desespero, foi para a área do Cruz Azul tentar a sorte e virou o jogo com um cabeceio no último lance do tempo regulamentar, levando a partida, que estava praticamente perdida, para a prorrogação. O tempo de prorrogação terminou em igualdade e o América acabou sagrando-se campeão na disputa por pênaltis, para o êxtase dos mais de 100 mil torcedores que presenciaram esta disputa no Azteca. Nós havíamos assistido a esta partida pela televisão em Salina Cruz e pudemos testemunhar a loucura que tomou conta dos torcedores do América na cidade após o final deste jogo.























Voltamos de lá então para o nosso hostel e logo em seguida, ao anoitecer, fomos assistir a uma apresentação de luta livre mexicana, na Arena México. A “lucha libre mexicana” é a versão do wrestling profissional praticado no México, caracterizado pela rápida seqüência de holds e movimentos aéreos, como bem os espetaculares “high-flying moves”. Se evoca o termo “mexicana” pelas suas particularidades na técnica de luta, acrobacias, regras e folclore próprio do país, que lhe dá uma característica de autenticidade em comparação com a luta praticada em outros países. Muitos de seus lutadores são mascarados, ou seja, usam uma máscara para esconder sua identidade verdadeira e criar uma imagem que lhes dá uma personalidade especial. A partir deste folclore surgem personagens mitos da cultura popular mexicana, como El Santo, Blue Demon e Mil Máscaras. A luta livre mexicana é na verdade uma mescla de esporte e sequencias teatrais, sendo que no país é um dos espetáculos esportivos mais populares, somente abaixo do futebol.




Foi uma experiência bem divertida, os mexicanos são realmente fanáticos pelas lutas e pelos personagens, e vibram muito durante todo o evento. São várias lutas, com disputas mano a mano e de um grupo de lutadores contra outro grupo. Uma das partes mais sensacionais foi a apresentação do “Brazo de Plata”, um lutador muito gorgo, com um estilão bizarro e que aplica golpes de voadora com “barrigaço” nos oponentes! Rsrsrs! Nesta luta, os lutadores ficam divididos em dois grupos: Rudos (os maus ou heels) e Técnicos (os bons ou babyface). E para tornar a disputa ainda mais divertida, tinha um anão mascarado em cada um dos grupos, que ficavam atucanando os lutadores durante o combate. A parte ruim foi que não dava para entrar na arena com máquina fotográfica, então só consegui alguns registros meia-boca feitos com o meu celular.





Chegamos no hostel quase meia-noite. Arrumamos nossas malas, dormimos umas 3 horas e antes das 5 já estávamos partindo para o aeroporto para iniciarmos a maratona de volta ao Brasil. Eu e o João voamos até a Costa Rica e depois para Lima. O Luis Cláudio voou para Bogotá e nos reencontrou em Lima. Passamos então quase 8 horas no aeroporto peruano, aguardando o voo para Porto Alegre, que saiu as 23:30, chegando na capital gaúcha as 6 da manhã. Tomamos um belo choque-térmico no desembarque, pois saímos do calorão de 30 graus no México, chegando no outono frio do Rio Grande do Sul !
Foi uma trip muito irada, tanto no quesito ondas/surfe quanto na parte cultural. Aproveito para deixar um abração para os brothers João e Luis Cláudio pela baita parceria em mais esta viagem!
Até a próxima!