Em 30 de Agosto de 2014 embarcamos eu e meu amigo Igor Perdomo para uma nova aventura, tendo como destino a África do Sul. Nossos objetivos principais nessa trip eram surfar as ótimas ondas do sul do país – em especial a região de Jeffreys Bay -, curtir a natureza e o cenário que une praias e montanhas da Garden Route, se aventurar no maior Bungy Jump do mundo, conhecer algumas das principais cidades sul africanas como Cape Town, Johannesburg, Porth Elizabeth e, logicamente, fazer safáris e ter a experiência de ver animais selvagens em seu habitat natural.

A África do Sul, localiza-se no extremo sul do continente africano, entre os oceanos Atlântico e Índico, com 2.798 quilômetros de litoral, estando limitada pela Namíbia, Botsuana e Zimbábue ao norte; Moçambique e Suazilândia a leste; e com o Lesoto, um enclave totalmente rodeado pelo território sul-africano. O país é o 25.º maior do mundo em área.


É uma nação de cerca de 50 milhões de pessoas, sendo conhecida por sua diversidade de culturas, idiomas e crenças religiosas. Onze línguas oficiais são reconhecidas pela Constituição do país. Duas dessas línguas são de origem europeia: o africâner, uma língua que se originou principalmente a partir do holandês e que é falada pela maioria dos brancos e coloured sul-africanos, e o inglês sul-africano. O inglês é a língua mais falada na vida pública oficial e comercial, entretanto, é apenas o quinto idioma mais falado em casa. Multiétnico, o país possui as maiores comunidades de europeus, indianos e multiétnicos do continente africano.
Brasileiros não necessitam de visto para a África do Sul em caso de permanência de até 90 dias (estudo, turismo e/ou negócios), basta apenas apresentar o passaporte com validade de até 1 (um) mês (da data de retorno ao Brasil), com pelo menos 2 (duas) páginas em branco e apresentar o CIV (Certificado Internacional da Vacina) contra febre amarela, que deve ser tomada pelo menos 10 dias antes do embarque.

Foi uma grande jornada até chegarmos ao nosso primeiro destino em solo sul africano: Jeffreys Bay.

Saímos de Porto Alegre no início da tarde do dia 30 e voamos até o aeroporto de Guarulhos em São Paulo, onde pegaríamos o voo da South African Airways para Johannesburg.
Após aguardarmos algumas horas, embarcamos em São Paulo às 6 da tarde para uma viagem de cerca de 8 horas e meia até Johannesburg.



Chegamos em Johannesburg às 7:25 da manhã do dia 31 de Agosto, fizemos a imigração e foram mais 3 horas de espera até o próximo voo, que nos levaria até Port Elizabeth.



Após um vôo de cerca 1hr e 40 min, finalmente chegamos à Port Elizabeth.




Resgatarmos nossas bagagens e fomos à área de rentals cars para pegar o nosso carro, que já tínhamos reservado desde o Brasil, e que iria nos transportar na primeira semana em solo Africano e seria entregue somente 9 dias depois na Cidade do Cabo.



Já devidamente motorizados e com os packs de pranchas atados em cima da nossa “viatura”, seguimos mais uma hora de viagem, agora por via terrestre, para finalmente chegarmos ao nosso primeiro destino no país, a bela cidade de Jeffreys Bays.




Jeffreys Bay é uma cidade localizada na província de Eastern Cape, situada entre o mar e a Garden Route, a sudoeste de Port Elizabeth. No final dos anos 1960 e início dos anos 1970, Jeffreys Bay era uma pequena cidade que abrigava uma comunidade pesqueira, e atraía a galera hippie.
A partir do lançamento do filme Endless Summer em 1966, o cenário começou a mudar na região. Neste, que é considerado o mais importante filme de surfe de todos os tempos, o diretor/narrador Bruce Brown segue dois surfistas, Mike Hynson e Robert August, em uma surf-trip ao redor do mundo. E um dos grandes destaques da filmagem acaba sendo uma sessão épica no então desconhecido pico de Cape St. Francis, que fica logo ao lado de Jeffreys Bay. A partir daí se originou a florescente comunidade do surf que começou a explorar a região e as excelentes condições para a prática do esporte que toda a costa da cidade oferecia. Jeffreys Bay passou rapidamente de uma pacata cidade de pesca, a uma das áreas urbanas de maior expansão no país ao longo das últimas décadas. Graças à qualidade excepcional de suas ondas, Jeffreys Bay tornou-se um dos destinos de surfe mais famosos do mundo, e hospeda anualmente uma das etapas do campeonato mundial de surfe, o Billabong Pro ASP World Tour em Super Tubes.



Nos hospedamos no Beach Music que fica exatamente em frente ao pico de Supertubos, possuindo uma vista privilegiada para toda a baía de Jeffreys Bay, além de ter um ambiente confortável e descontraído. Ficamos em um apartamento do Beach Music com dois quartos e cozinha completa, o que nos permitia ter privacidade e também comodidade para comprar mantimentos no mercado e preparar nossos próprios rangos.

















A onda de Jeffreys Bay é considerada uma das mais longas, e um dos mais perfeitos pointbreak de direitas do planeta, consistindo de não menos que 10 diferentes seções, incluíndo Kitchen Windows, Magnatubes, Boneyards, Supertubes, Impossibles, Salad Bowls, Coins, Tubes, The Point e finalmente Albatross. O reef de basalto que costeia toda a praia segura a areia de forma uniforme, criando um fundo bem lapidado para as ondas quebrarem perfeitas e formarem um longo percurso entre Boneyards e The Point quando o swell está no tamanho certo e perfeitamente alinhado na bancada. Supertubes é considerada a melhor sessão, rápida e tubular, onde acontecem as competições profissionais e onde a galera é mais “combativa”, enquanto “The Point” e “Albatross” são sessões mais lentas, com paredes mais manobráveis, sendo mais atraentes para surfistas intermediários e longboarders.
No início de 2014 o site Surfline publicou uma matéria explicando cada detalhe do funcionamento da onda de Jeffreys Bay, e disponibilizou um belo mapa das sessões da onda, os quais reproduzo abaixo:


Neste link também é possível ler uma descrição detalhada de cada sessão da onda de Jeffreys Bay.
Estávamos completamente quebrados depois de ter estado praticamente 24 horas viajando, mas a fissura era grande, e não desperdiçamos a oportunidade de pegar um final de tarde nas clássicas ondas de J-Bay. Caímos em Magnatubes que era a sessão mais ajeitada neste dia, uma vez que o vento soprava forte e bagunçava um pouco a formação. Onda pesada e com bastante pressão. Bom para “tirar o avião do corpo” e preparar o esqueleto para uma semana seguinte de muito surfe!


Surfamos por cerca de 1 hora e meia. Voltamos para o Beach Music, tomamos um banho e corremos para pegar ainda um mercado aberto. Compramos alguns mantimentos e mandamos ver num belo carreteiro na primeira janta em J-Bay.


O dia seguinte (01/09) foi de mais surfe em J-Bay. Ainda que o mar não estivesse grande coisa devido ao vento que esculhambava um pouco a formação, tinha uma onda com pressão. Porém não estava “aquele” J-Bay. As sessões estavam picadas, fechando bastante e com muita corrente. Estava difícil de se manter num pico e saímos do mar já na sessão de Albatroz neste dia.













Neste dia, fizemos também uma descoberta importante em Jeffreys Bay: o restaurante Nina’s! Trata-se de um bar/restaurante na Gamma Road que é sem dúvida o rango mais confirmado de J-Bay! Lá eles servem diferentes tipos de café da manhã que você pode personalizar com o que deseja, uma variada carta de chopps e vinhos, pizzas maravilhosas, diversos pratos quentes espetaculares e um sorvete artesanal que é sacanagem! Além de a comida ser muito boa, o local tem também um visual bacana, com pranchas de surfe penduradas, quadros com imagens das ondas da região e está sempre rodando na TV um bom filme de surfe. Passamos a bater ponto lá quase todos os dias no almoço e janta!















À noite preparamos um “grude” em casa mais uma vez.



No dia 02/Setembro a previsão era de mar baixo e muito vento em J-Bay, então decidimos aproveitar este dia para irmos até a Bloukrans Bridge, que fica a cerca de duas horas a sudoeste de Jeffreys Bay para saltarmos do Bungy Jump que a FaceAdrenalin opera nesta ponte desde 1997, e que é, nada mais nada menos, que o maior do mundo!!
O bagulho é alucinante!! Vou dar apenas uma palhinha aqui, pois posteriormente vou escrever um post a parte, detalhando toda esta aventura.
A Bloukrans Bridge é uma ponte em formato de arco na Garden Route (N2 Highway), sobre o rio Bloukrans, que faz a fronteira entre as províncias de Eastern Cape e Western Cape. Esta ponte conecta um lado a outro de um grande vale natural, que alguns metros adiante da ponte encontra-se com o mar. É do centro da estrutura desta ponte que são realizados os saltos de bungy jump.
















Após toda nossa turma saltar e regressarmos da ponte, ficamos ainda um tempo apreciando o visual e a vibe do local. Acabamos por almoçar no restaurante do Bungy Jump mesmo e curtimos da sacada e pela TV que transmite no restaurante, os saltos da turma subsequente à nossa.

Seguimos de volta então pela Garden Route, e como havíamos levado nossas pranchas junto, resolvemos fazer uma parada no caminho em Cape St. Francis, para conhecer este pico lendário e também verificar se havia alguma condição de surfe por lá.



Cape St. Francis, tornou-se mundialmente famosa em 1966 com o filme/documentário de surfe The Endless Summer.
Cape St. Francis hoje em dia é conhecido como um dos melhores picos de surfe da África do Sul. Devido a sua localização e geologia, o local é suscetível a swells durante todo o ano, graças à grandes sistemas de baixa pressão que se formam entre a Antarctica e a ponta sul da África. Quando as grandes ondulações de sudoeste alcançam a costa da região e há vento de terral, as condições de surfe neste local ficam clássicas.
É um point break de direitas, dividido em duas sessões, sendo mais tubular no outside e mais emparedada na sessão do inside. As sessões são separadas por uma “craca” que fica exposta na maré baixa e coberta na maré cheia, conhecida como “Full Stop Rock”. Ocasionalmente, com maré e direção certa de swell, é possível percorrer um glorioso e longo percurso desde o outside até a beira da praia.
Porém, o swell e o vento não estavam colaborando neste dia e não tivemos a oportunidade de desfrutarmos desta experiência.






Adicionalmente, St. Francis é sede de um Centro de Resgate e Reabilitação de Pinguins, e onde localiza-se o Seal Point Nature Reserve, uma área de incrível beleza natural, rica em vida vegetal e animal. Neste local situa-se também o Seal Point Lighthouse, construído na década de 1870, após inúmeros navios chocarem-se contra os reefs existentes nesta costa e afundarem.







No final de tarde, regressamos para Jeffreys Bay, apreciando um belo por-do-sol e a paisagem campesina de Humansdorp.



À noite, fomos jantar no Nina’s e tomar alguns chopps para comemorar o sucesso da empreitada no maior bungy jump do mundo!



O dia seguinte (03/09) foi de muito surfe em J-Bay. O vento estava batendo de terral e haviam ondas de até 1 metro. Pegamos muita onda boa e estava bastante divertido, especialmente em The Point, onde a onda estava mais longa. Fizemos uma sessão pela manhã e outra de tarde neste dia, ficando na água até o anoitecer.
















No dia 04 de Setembro, o mar amanheceu completamente “colado” em Jeffreys Bay, apenas com uma marolinha bem fraquinha, então decidimos aproveitar o dia para fazer um safári no ADDO Elephant Park. Aqui também vou dar apenas um aperitivo, pois, em breve, vou escrever um post à parte, dedicado a detalhar este dia no ADDO.
O Addo Elephant National Park é um parque de conservação de vida selvagem situado próximo à Port Elizabeth e é uma dos 19 parques nacionais da África do Sul. É o terceiro maior deles, atrás apenas do Kruger National Park e do Kgalagadi Transfrontier Park.
A sessão original do parque foi fundada em 1931, como parte dos esforços para prover um santuário para os 11 últimos elefantes restantes na área. A iniciativa foi muito bem sucedida e hoje em dia abriga mais de 600 elefantes e um grande número de outros mamíferos, como leões, búfalos, rinocerontes, hienas, leopardos, uma variedade de antílopes e espécies de zebra, conservando uma ampla gama de biodiversidade, paisagens, fauna e flora.
De Jeffreys Bay até o ADDO, foram cerca de 2 horas na estrada. Acessamos o parque no main gate na parte norte e passamos o dia todo fazendo Game Drive em toda a área do parque, deixando o local apenas no final do dia pelo gate Matiholweni na parte sul, bem próximo já a Port Elizabeth. O lugar é sensacional e foi uma experiência fantástica!















Chegamos de volta em Jaffreys Bay ao entardecer e com o mar sem ondas, apenas ficamos relaxando e curtindo a beira-mar.




No dia seguinte (05/09), enquanto esperávamos o mar dar a reagida que prometia pelos surf reports, tiramos um tempo para visitarmos as Outlets de Jeffreys Bay. Além de ser um pico de ondas clássicas, J-Bay é renomada e popular também por seus vários factory shops. A cidade é uma espécie de quartel-general na África do Sul das principais marcas de surfe. A Billabong possui inclusive uma fábrica sua instalada lá. Sendo assim, são inúmeras as Factory Outlets disponíveis na cidade e tem muito material, roupa, calçados e acessórios por uma verdadeira pechincha.
As lojas estão convenientemente situadas no centro da cidade e estão a uma pequena distância umas das outras, sendo fácil deixar o carro estacionado num local e percorrer todas elas à pé.


















Na loja da QuikSilver da Gama Road está instalado o J-Bay Surf Museum, um local dedicado à história do surfe em Jeffreys Bay e na África do Sul.
















Neste dia também a ondulação voltou a dar um suspiro e rolou surfe novamente. Mesmo com o mar ainda baixo, tinha uma onda longa e perfeitinha em The Point. Fizemos a cabeça no banho da tarde.




Pelo nosso roteiro original, ficaríamos até o meio-dia de sábado (06/Set) em Jeffreys Bay e seguiríamos viagem à tarde com destino à Mossel Bay, onde passaríamos a noite, pegaríamos umas ondas e partiríamos no dia seguinte para a Cidade do Cabo. Porém as previsões apontavam que justamente nesse dia o mar cresceria em J-Bay com condições perfeitas de vento, e a possibilidade de rolar um clássico era grande. Sendo assim, decidimos estender a nossa estadia em Jeffreys Bay por mais um dia. Como no Beach Music já estava tudo reservado para o período, tivemos que fazer uma mudança de hotel. Fomos então para um apartamento no SeaShells, que faz frente com a Gama Road e fundos diretamente na praia de Magnatubes. Assim como o Beach Music, o local era igualmente muito bom.

E o mar começou a crescer pela manhã cedo e logo veio a dar amostras do que seria o final de semana!











Fizemos a mudança para o Sea Shells, depois um rango no Nina’s e em seguida demos a queda em Supertubes. Após cerca de 2 horas de banho lá com excelentes ondas, porém enfrentando uma crowd pesada, fomos surfando um pouco em cada sessão até The Point, onde ficamos pegando altas ondas até o final do dia.
























O sábado foi um daqueles dias de voltar para casa “sem braços”, completamente morto de tanto surfe. Não demoramos muito à dormir, pois queríamos acordar bem cedo no domingo para aproveitar ao máximo aquelas condições do mar.
No dia seguinte, domingo (07/Set) levantamos bem cedinho e surfamos um J-Bay clássico! Altas ondas em Supertubes, mas mais ainda em The Point, com menos crowd e uma onda impressionantemente longa.
















Foi uma sessão de surfe memorável e fechou com chave de ouro o nosso período em Jeffreys Bay. Ao meio-dia fizemos o check-out do Sea Shells, almoçamos no Nina’s e em seguida pegamos a Garden Route com destino à Cape Town, com pequenas paradas estratégicas no caminho, para conhecer alguns points de surfe clássicos da África do Sul.

Só o rodar pela Garden Route em si já vale a viagem. Estrada excelente, com um visual irado, cortando todo o litoral sul da África e costeada por belas montanhas. Seu nome vem da vegetação verdejante e ecologicamente diversa, bem como dos numerosos lagos e lagoas espalhadas ao longo do seu traçado.









Após rodarmos cerca de 3 horas desde Jeffreys Bay, fizemos um pit-stop em Victoria Bay, para conhecermos este que é um dos mais clássicos surf spots da África do Sul. Trata-se de uma pequena enseada na Garden Route, famosa entre os surfistas por seu pointbreak super consistente, além de ser uma praia muito bonita e também bastante frequentada por banhistas.










Saindo de Victoria Bay, rodamos mais uns 40 minutos até chegarmos em Mossel Bay, outro consagrado pico de surfe da África do Sul. Porém, chegando lá demos conta do nosso acerto em ficar mais um dia em Jeffreys Bay, pois não havia quase nada de ondulação entrando na baía de Mossel.







De Mossel Bay, seguimos viagem direto para Cape Town, rodando por volta de mais umas 5 horas. Ao total, praticamente 9 horas de estrada de Jeffreys Bay até a Cidade do Cabo. Chegamos completamente quebrados, da viagem, do surfe e de sono. Fizemos o check-in no Hostel que tínhamos reservado e nem tivemos disposição para jantar. Apenas comemos uns biscoitos que tínhamos na bagagem e caímos no sono, para no dia seguinte começar a desbravar esta que foi uma das cidades mais bonitas que já conheci.
Em breve escrevo contando as próximas aventuras da trip em Cape Town, Johannesburg e do inesquecível safári que fizemos no Krugger Park ao nordeste do país, já na fronteira com Moçambique.
Aquele abraço!
Surf, ceva, pizza, chimas e um visual sensacional, hehhe Eita vidinha + ^ – Grande Abraço, Bisotto
Só alegria!!
Muito bacana o post, passa emoção com grandes detalhes. Parabéns!
Muito bom, planejo ir para lá e suas dicas foram boas, só faltou um detalhe! Qual a profundidade média da bancada?
Post animal, bem completo. Saberia me dizer se eu consigo comprar uma prancha usada fácil lá? Tá complicado levar as pranchas no avião. U$ 100 cada trecho. Abraço!
Show de bola o seu blog!!!! Poderia me ajudar com uma dúvida, pretendo ir em julho, um long John 3.2 com botinha e luva da pra aguentar?