Em 3 de março de 2014, em companhia de meu grande amigo Charles Silva, demos início a uma surf-trip muito sonhada, rumo à meca do surfe, o Hawaii, e posteriormente à Califórnia.
Embarcamos em Porto Alegre para São Paulo e de lá rumamos para Los Angeles. Chegamos em LA ao amanhecer do dia 04/03 e tivemos que correr muito para fazermos a imigração e já pegarmos a conexão para o Hawaii. Mais 6 horas de voo e por volta do meio dia desembarcamos em Honolulu, capital do Hawaii, localizada na ilha de Oahu.







O Hawaii é um dos 50 estados dos Estados Unidos e localiza-se em um arquipélago no meio do Oceano Pacífico, podendo ser considerado o estado americano mais isolado em relação ao resto do país. O arquipélago possui 132 ilhas que se estendem por 2 450 km. Porém, a maior parte do Estado concentra-se no sudeste do arquipélago, onde estão as oito maiores ilhas do Havaí. Estas são as únicas ilhas habitadas do Estado.
Sua capital e maior cidade, Honolulu, localiza-se a mais de 3100 km de qualquer outro Estado americano. O Havaí é o Estado mais meridional de todo o país, sendo considerado parte dos Estados do Pacífico. Sua economia está baseada primariamente no turismo. Barack Obama é o único presidente dos Estados Unidos nascido no estado do Havaí.


O arquipélago que forma o Havaí é conhecido historicamente pelo nome de Ilhas Sanduíche (“Sandwich Islands”). O arquipélago havaiano era povoado por polinésios, sendo que a região era governada por vários chefes polinésios locais, até 1810, quando Kamehameha I centralizou o governo do arquipélago, e instituiu uma monarquia. O Havaí é o único Estado americano cujos nativos utilizaram-se da monarquia como forma de governo. Em 1894, o arquipélago tornou-se uma república, e quatro anos depois, em 1898, foi invadido militarmente e anexado pelos Estados Unidos, tornando-se um território americano em 1900. Desde então, grande número de pessoas com ascendentes europeus, vindos de outras partes do país, bem como imigrantes asiáticos, instalaram-se no Havaí, dando à população local um aspecto altamente multicultural.
A ilha de Oahu é a terceira maior ilha do Hawaii, entretanto é a mais populada e onde se localiza a capital e maior cidade do Havaí, Honolulu, que fica ao sul da ilha. É a ilha que mais recebe turistas, a que tem melhor estrutura hoteleira e gastronômica. Possui também o principal centro econômico, aonde se localiza as principais instituições governamentais, bancos, o principal aeroporto e porto. Não surpreendentemente, Oahu é igualmente importante quando se trata de surf no Havaí. Embora boa qualidade de surf pode ser encontrada em todas as ilhas havaianas, por alguma razão – talvez como resultado de uma suas características geológicas especiais – Oahu sempre foi ponto privilegiado para a prática do surfe no Havaí.
Oahu é sem dúvida o lugar mais rico em termos de surf na cadeia de ilhas havaiana (e talvez em todo o mundo). Ela possui o maior número e melhor seleção de picos de surfe que quebram na estação de verão no Havaí (“Ala Moana Bowl” e “Number Threes” são alguns dos principais exemplos), e suas praias do North Shore constituem o que é sem dúvida o melhor trecho de praias excelentes para a prática do surfe em todo o mundo, com picos espetaculares, tais como “Sunset Point”, “Pipeline”, “V-Land” e “Waimea Bay”, para mencionar apenas alguns.

Após desembarcarmos e recuperarmos nossas malas e packs de pranchas no aeroporto de Honolulu, seguimos até a área de rental cars para pegarmos o carro que havíamos reservado desde o Brasil e que iria nos carregar pelos 4 cantos da ilha nos próximos 12 dias. Pegamos o shuttle-bus da Alamo, fomos até o estacionamento/escritório da mesma e, ali, já demos o primerio “pé-quente” da trip. Tínhamos reservado um carro super barato, da categoria compacto, esperando algo como um Clio/Picanto ou alguma coisa do gênero, que de fato, serviria para o nosso propósito, porém fomos “sorteados” com um Fiat 500, que é bonitinho/estiloso, porém minúsculo!! O porta malas suportava apenas 1 mala e os nossos packs de pranchas atados em cima do carro pareciam que iriam fazer o carro decolar! Quando estávamos já por sair resignados do estacionamento da locadora, veio um casal de americanos nos abordar, dizendo: “Olá! Vocês não fariam a gentileza de trocar de carro com a gente? Nós amamos este carro que vocês estão, adoraríamos passear pelo Hawaii com ele, e somos só eu e minha esposa e temos apenas nossas malas de mão!”. Em contrapartida, ficaríamos com um Hunday Accent que estava com eles, muito maior e mais confortável. Nem pensamos meia vez … trocamos na hora !!


De lá, seguimos então para o North Shore de Oahu. Do aeroporto de Honolulu até o North Shore são cerca de 1 hora de carro. Para chegar lá, vai pela H-1 até Pearl City, pega a H-2, passa por Mililani e entra na HI-80 em direção a Wahiawa. Então, converge para a HI-99, seguindo nela até Haleiwa. Enfim, pela Kamehameha Hwy se vai costeando a todas as praias do North Shore.



O North Shore, no contexto geográfico da ilha de Oahu, refere-se a área da costa voltada para o norte entre Kaʻena Point e Kahuku Point. Entretanto, esta área é famosa mesmo em todo o mundo por causa das excelentes ondas e também pelas estonteantes vistas e paradisíacas praias e baías. A enorme quantidade de picos com bancadas perfeitas, um ao lado do outro, transforma essa área na arena principal do surf mundial.



Chegando no North Shore, na área de Haleiwa, seguimos em direção à Velzyland (também chamada de V-Land), que fica logo após a praia de Sunset, onde havíamos alugando um quarto em uma casa da Katia Ferraz, brasileira radicada a 20 anos no Hawaii e que lá aluga diversas propriedades.


No North Shore, existem poucas opções de hospedagem do tipo hotel/pousada. De hotel, existe basicamente o Resort em Turtle Bay e uma que outra hospedaria em Haleiwa. Em Three Tables, fica o Backpacker Vacation Inn & Hostel, mas este não recomendo para ninguém, pois está bem sucateado e em péssimo estado de conservação. A maioria da galera que fica hospedada no North Shore aluga quarto de casas, e este é o melhor esquema de hospedagem lá.
Após passar pela baía de Waimea, fizemos um pit-stop na Foodland, que é o maior mercado existente no North Shore, para fazermos um lanche e pegar alguns mantimentos, pois estávamos praticamente a 24 horas comendo apenas comida de avião.

Entre Waimea e Velzyland, encontram-se as principais bancadas de surfe do North Shore, e elas ficam impressionantemente próximas uma da outra. É possível fazer tudo caminhando ou de bicicleta. Em uma distancia de aproximadamente apenas 4 Km, passamos por Waimea, Log Cabins, Rockpile, Off The Wall, Backdoor, Pipeline, Pupukea, Gas Chambers, Rocky Point, Kammies Sunset, Val’s Reef, Boneyards, Backyards, Freddyland, Phantons e Velzyland.
Chegando na casa da Kátia em Velzyland, nos instalamos e logo saímos colocar o pé na areia e aproveitar o final do dia para percorrer as famosas praias e bancadas do North Shore.











O mar estava bem storm, pois neste dia havia entrado um novo swell atingindo com tudo o North Shore da ilha. Foi bem legal para já chegarmos com este impacto de ver o mar havaiano bombando e as baías fechadas.










O final de tarde ainda nos brindou com um por-do-sol perfeito em Sunset.

À noite, cozinhamos um autêntico carreteiro campeiro e degustamos uma boa cerveja. Logo fomos dormir para no dia seguinte darmos cedinho o primeiro banho no Hawaii.

Acordamos bem cedo após uma ótima noite de sono e não perdemos tempo. Tomamos um rápido café e fomos logo dar a primeira queda no mar havaiano. Surfamos pela manhã em Freddyland e V-Land, bancadas sensacionais que ficavam a apenas 50 metros de caminhada de nossa casa. Neste dia, o mar ainda estava ajeitando, mas foi ótimo para reconhecimento dos picos, para “tirar o avião do corpo” e sentir a potência das ondas havaianas e das rasas bancadas de coral.




Aproveitamos bastante o mar durante toda a manhã, fizemos um lanche e decidimos pegar o carro e descer toda costa leste da ilha até o sul, para conhecer esta região que é considerada a mais roots de toda a ilha de Oahu. Seguimos de V-Land pela Kamehameha Hwy em direção leste e fomos parando a cada pouco para ir conhecendo todos os recantos da ilha.





A beleza do lado leste da ilha é algo que impressiona muito. Esta região apresenta algumas das melhores praias da ilha, separadas por costões rochosos escarpados e vales verdejantes. São praias paradisíacas, enormes cadeias de montanhas e também algumas boas ondas.

Logo após fazer a curva do North Shore para o leste, chega-se a Kahuku onde há uma área de produção de camarão. Na beira da estrada há uma série de trailers que servem rangos que podem ser comidos ali mesmo, em mesas de “pic-nic”.
Descendo a costa leste logo chegamos à Hukilau Beach. Esta é uma bela praia entre Laie e Kalani Point. O nome da praia vem do tempo em que os membros da Igreja Mórmon se reuniam neste local para uma “Hukilau” semanal, que é um método tradicional de pesca em que um grupo de pessoas participa, capturando peixes em uma grande rede (huki significa “puxar” e lau significa “rede”).




Seguindo direção sul, em Laie encontra-se o Centro Cultural Polinésio e a Brigham Young University do Hawaii. Paramos nesta região para almoçar.


Seguindo na direção sul, passamos por Laie Beach, uma praia com areia bem branca, que costuma ter ondas durante todo o ano, e que é conhecida também pelo nome de “Pounders Beach”, que é como os locais a chamam.




Em seguida, chegamos à Hau’ula Beach, assim nomeada por causa das árvores “hau” que antes eram abundantes neste local.




Mais adiante chegamos à Kahana Bay, uma baía com muita vegetação e um visual irado. A cor da água neste local é um pouco turva por conta do rio que ali deságua, trazendo a água que escorre pelas montanhas Kualoa, que ficam logo atrás da praia.







Quase já na face sul da ilha, está Waimanalo Beach, outra linda praia com água azul clara, areia fina e boas ondas. Deste local é possível apreciar os paragliders que sobrevoam ao lado da enorme cadeia de montanhas que está logo atrás da praia.

Makapu’u, a última praia da costa leste, talvez seja também a mais bonita. A água aqui é muito cristalina e o contraste com a areia branquinha e as enormes montanhas que ficam logo atrás encantam qualquer um. No lado sul da praia existe um mirante que proporciona uma vista de tirar o fôlego.








Continuamos rodando, agora já na costa sul, contornamos o vulcão Koko Head, a Hanauma Bay, e seguimos até Waikiki Beach.


Waikiki faz parte da cidade de Honolulu, é a praia mais famosa do Hawaii, cartão postal com o Diamond Head ao fundo, a mais visitada, com águas cristalinas, areia branca, coqueiros e surfistas o ano todo. Nela, concentra-se 90% dos hotéis e resorts da capital. Também é aqui onde estão a maioria dos bons restaurantes e existe uma ativa vida noturna.












Em Waikiki fica também a estátua do Duke Paoa Kahanamoku, um dos idealizadores e maiores divulgadores do surfe moderno. Duke foi campeão olímpico de natação e durante suas viagens, ajudou a divulgar o surfe e o arquipélago havaiano pelo mundo. Em suas excursões, fez demonstrações de surfe que plantaram a semente do secular esporte havaiano pelo mundo. Em fevereiro de 1915, na Austrália, inconformado que o surfe não era praticado em um lugar com tantas ondas, fez uma prancha e surfou diante de uma multidão em Freshwater. Foi o marco zero do surfe australiano. Duke foi considerado pela revista Surfer, como o “Surfista do Século”.


Regressamos então ao North Shore, a tempo ainda de presenciarmos um final de tarde clássico em Pipeline/Backdoor, com ondas cabulosas e um por-do-sol magnífico.













À noite, fizemos novamente um carreteiro, tomamos umas cevas e confraternizamos com o pessoal que estava hospedado junto com a gente na casa (um casal brasileiro-australiana + a filhinha e um carioca), pessoal gente-finíssima por sinal. Em seguida, berço!
No dia seguinte, surfamos a manhã toda novamente em Freddyland e V-Land. Mar perfeito! V-Land em especial é um parquinho de diversões! Possui um reef raso e afiado, o que garante boas ondas com qualquer sinal de swell que apareça. É uma onda de alta performance, que quebra normalmente tanto para a direita quanto para a esquerda, porém a primeira é mais longa e perfeita. Adicionalmente, ao surfar uma esquerda, não há canal para retornar ao point, o que pode colocar o surfista em uma situação perigosa. Quebra com até 5 metros e forma um bom tubo para a direita. É reconhecida desde a década de 60 como um dos maiores “hardcore locals breaks” do Hawaii, ou seja, um pico com localismo intenso.
No outside de Freddyland e Velzyland existe um outer reef chamado Phantons, onde quebram ondas gigantes quando há um swell acima de 15 pés.



Após a manhã de surfe, fomos dar um curtida em Pipeline.




De Pipeline, fomos bater um rango. Quando o assunto é alimentação no North Shore, a coisa fica um pouco embaçada. Existem pouquíssimos restaurantes localizados nas proximidades das ondas. De fato, restaurantes no North Shore, somente em Haleiwa. Nos demais locais, as opções disponíveis são alguns trailers na beira da estrada, que servem diversos tipos de rango, desde hambúrguers, comida Thailandesa, pizza, Prato-feito, etc … mas nem todos são muito confiáveis. Nós apelidamos estes locais de “podrões”. A melhor opção de alimentação no meu ponto de vista para o North Shore é comprar os mantimentos no mercado e cozinhar em casa mesmo. Em frente à Pipeline, há um trailer que vende um açaí brasileiro legal, sendo uma boa pedida para um lanche reforçado.


Neste dia, resolvemos arriscar a sorte no podrão em frente à Sharks Cove, chamado “Sharks Cove Grill”.



Por sinal, Sharks Cove é um excelente lugar para os praticantes de mergulho e tem uma variedade enorme de vida marinha, incluindo peixes raros e tartarugas. Esse ponto de mergulho é parte do Santuário Marinho de Pupukea, e aqui é proibido pescar, barcos e jet-skis também são proibidos. Este local foi classificado pela “Scuba Diving Magazine” como um dos “Top Twelve Shore Dives in the World”.




Da Sharks Cove, seguimos caminhando até Waimea Bay.



Waimea Bay é um local lendário para o big-surfe, onde chegam a quebrar ondas de mais de 30 pés de altura. Suas águas sediam anualmente o campeonato “QuikSilver In Memory of Eddie Aikau”, em honra ao herói havaiano Eddie Aikau. A onda praticamente se resume a um drop reto de muita velocidade, porém um drop mal executado pode colocar o surfista numa situação de muito perigo. Em Waimea, vale mais a atitude, a disposição e a coragem do que a técnica do surfista. É um local que evoca sentimentos como o medo e o respeito pelas ondas que ali rompem. Waimea sempre estará no imaginário dos surfistas que gostam de experimentar a adrenalina inerente ao surf de ondas grandes.





Nesta tarde, ainda fomos dar um rolê em Haleiwa e uma olhada nas surf-shops da cidade.
À noite, preparamos pizzas em casa e degustamos algumas cervejas artesanais fabricadas no Hawaii. Alias, para quem aprecia uma cervejinha, o Hawaii também é espetacular neste quesito! Existem várias cervejarias artesanais no arquipélago, oferecendo os mais diversos tipos de cerveja. Adicionalmente, nos mercados é possível encontrar uma variedade enorme de cervejas artesanais da Califórnia, Inglaterra, Bélgica, etc… Algumas das principais cervejarias artesanais havaianas são a Kona Brewing Company, a Aloha Beer Company, a Maui Brewing Co, a Hawaii Nui Brewing Company, a Primo Brewing & Malting Company, e a Big Island Brewhaus. Vale a pena experimentar todas! E além do sabor, os rótulos são geniais!




















Assim que tiver tempo continuo a escrever sobre os dias seguintes da nossa trip no Hawaii. ALOHA !!
Muito bacana, só falta lançar teu livro!!
Texto e fotos, putz..arrasou.
Bjs
Enviada do meu iPhone
>
Rapaz…Que trip alucinante! Pretendo, um dia, também conhecer esse paraíso.
Parabéns pelo belo texto e fotos espetaculares!
Abraço.
Irado Andrei, espero a continuação. Abração.
Att
Arqt° e Urb. Guilherme de Castro
CAU -RS A56518-0
cel. (51) 7811-5988 radio 55*81*91347
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Date: Mon, 23 Jun 2014 01:26:23 -0300