Dia 08 de novembro/2013, no início da tarde, embarquei em Lisboa rumo ao Marrocos, com o objetivo de surfar as excelentes ondas que a costa do país oferece, bem como desfrutar das atrações naturais, culturais, para além das paisagens incríveis, e da cultura deste país, que pode ser considerado quase um banquete sensorial.
O Marrocos está localizado no extremo noroeste da África, e está coladinho com a Espanha, separados pelo famoso Estreito de Gibraltar, estando o país banhado, ao mesmo tempo, pelo Mar Mediterrâneo e pelo Oceano Atlântico. O país possui cerca de 50 milhões de habitantes e a sua capital é a cidade de Rabat. Os árabes representam cerca de 70% da população e os berberes 30%, sendo que todas as outras etnias não chegam a corresponder a 1%. Os berberes eram povos nômades do Deserto do Saara. Este povo enfrentava as tempestades de areia e a falta de água, para atravessar com suas caravanas este território, fazendo comércio. Ainda hoje existem muitos povoados berberes no Marrocos. A religião dominante é a muçulmana sunita (99%). O país é governado pelo Rei Mohammed VI sob regime monárquico, e a língua predominante no país é a variante marroquina do árabe, mas boa parte da população fala também o Francês. O Dirham Marroquino é a moeda local e a equivalência é de cerca de 1 Euro igual 11 Dirhams (em novembro de 2013).


Para chegar ao Marrocos vindo da Europa eu tinha duas opções: uma delas seria ir até a cidade de Gibraltar na Espanha e seguir de ferryboat até Tanger no Marrocos, atravessando o Mediterrâneo pelo estreito de Gibraltar. Até creio que seria divertido e uma experiência legal, mas como não tinha muito tempo sobrando, resolvi ir com segunda opção, que era tomar um voo direto de Lisboa até o Marrocos. Comprei as passagens com a companhia aérea do país, a Royal Air Maroc, que voa a partir de muitas capitais Europeias e atua nas principais cidades do Marrocos.
Voei primeiramente de Lisboa até Casablanca, onde fiz uma conexão de cerca de uma hora, antes de embarcar em outro voo até Marrakesh, neste que seria o meu primeiro destino no país.



Marrakesh localiza-se no sudoeste do Marrocos, próxima ao sopé da cordilheira do Atlas, e é chamada também de a “cidade vermelha”, a “pérola do sul” ou a “porta do sul”. Tem cerca de 900 mil habitantes. É a segunda maior cidade do Marrocos, após Casablanca, e era conhecida pelos antigos viajantes como “Cidade do Marrocos”. Fundada no século 11, Marrakesh teve tempos de apogeu, como a ocupação moura na Península Ibérica, alternados por guerras e invasões. Até os anos 1950, o Marrocos sofreu a influência de colonizadores espanhóis e principalmente franceses, que ainda dominam o país cultural e economicamente. Por outro lado, um traço marcante de Marrakesh é sua ligação com as tribos berberes, como são conhecidos os povos nômades do interior.

Pelo meu plano inicial, eu chegaria em Marrakesh e já na manhã seguinte bem cedinho embarcaria para um tour de 3 dias no deserto do Saara. Na volta do deserto, seguiria para Taghazout para surfar. Mas logo que eu desembarquei na cidade eu vi meus planos de ir para o deserto frustrados. Pousamos no aeroporto de Marrakesh, fiz os trâmites alfandegários e segui para pegar as minhas bagagens. Logo apareceu na esteira o meu pack de pranchas, mas o tempo foi passando e nada de vir minha mala. Os outros passageiros foram pegando suas coisas e eu fui ficando, ficando … até que acabaram as bagagens da esteira e ainda estávamos lá, eu e mais 5 viajantes. Resumindo, nossas malas tinham sido extraviadas.
Fomos então até o “Lost & Found” para registrar o extravio e verificar o que poderia ser feito. O aeroporto de Marrakesh era uma bagunça tremenda e os gringos estavam muito indignados. O funcionário do aeroporto apenas pegava o nome de cada um, um telefone de contato, uma descrição básica da bagagem extraviada e dizia que ligariam para que a pessoa viesse buscar a mala no aeroporto a hora que em a mesma aparecesse. Tinha um pessoal muito revoltado, pois dali do aeroporto já iriam partir com um transfer para uma outra localidade que ficava a mais de 100 km de Marrakesh. Houve muita discussão com os funcionários do aeroporto, pois os mesmos afirmavam que eles não enviavam para lugar nenhum as bagagens extraviadas que fossem encontradas (como ocorre de praxe em qualquer aeroporto do mundo!), que eles apenas avisavam quando do aparecimento da mesma e que a pessoa deveria ir até lá para buscar!
E todos nós apenas com a roupa do corpo naquele calorão sinistro de Marrakesh!
Quando fui atendido, o funcionário me informou que as malas deviam ter ficado em Casablanca na conexão, e que as mesmas deveriam vir no próximo voo de lá para Marrakesh, que chegaria por volta do meio-dia do dia seguinte. Mas a coisa lá era tão amadora que chegava assustar. Havia um canto no aeroporto, ao lado das esteiras, onde eles deixavam as malas que tinham sido extraviadas ou que não haviam sido retiradas. Era uma pilha enorme de malas, sacolas, mochilas, caixas e não havia absolutamente nenhuma fiscalização. Qualquer um poderia pegar qualquer mala dali e sair sem nenhum problema. Nessa hora eu vi que se eu desse mole eu nunca mais veria a minha mala.

Como não havia mais nada que eu pudesse fazer naquele momento, peguei o meu registro de extravio de bagagem e saí na área de desembarque, onde estava me esperando uma pessoa para fazer o meu transfer até o hotel que eu tinha reservado para esta noite, dentro da Medina de Marrakesh. Contei para ele o que havia acontecido e ele dava risada e me dizia: “Man, this is Morocco! A total mess!!” e quá quá quá, se rachava rindo de mim o sacana!
Por fim, ele me alertou, dizendo que eu deveria ir pessoalmente ao aeroporto no dia seguinte no horário que chegaria o voo de Casablanca checar com meus próprios olhos, se eu quisesse ver minha mala novamente. Como havia muita coisa importante para mim nesta bagagem, além de todos os presentes que eu já tinha comprado em Portugal, Espanha e França para dar para meus familiares/amigos, eu decidi que era isso mesmo que eu iria fazer. Adicionalmente, eu não tinha nada além da roupa do corpo para vestir!

Depois de rodarmos alguns minutos, nos aproximamos da Medina. À semelhança de muitas cidades norte-africanas e do Oriente Médio, Marrakesh possui uma parte fortificada (a Medina) e uma cidade moderna adjacente. Ao transpor as muralhas que separam Ville Nouvelle (parte externa moderna) da Medina (parte antiga da cidade), tem-se a impressão de estar atravessado cerca de 1000 anos em alguns passos. Dentro da Medina, são poucas ruas onde os carros conseguem transitar e, para chegar ao meu hotel, o meu transfer iria me deixaria no local mais próximo possível. A partir de lá então eu teria que fazer uso do serviço de um “guia”, para que o mesmo me conduzisse até a localização do meu hotel. Dentro da Medina, a cidade é um completo labirinto, e se você não à conhece, é simplesmente impossível encontrar qualquer lugar! Por isso, tem uns garotos nestes pontos de desembarque que ajudam os turistas com as malas e cobram uma taxa para conduzi-los pelas vielas até os seus hotéis. Para completar o cenário, a Medina de Marrakesh possui o maior Souk (zoco, mercado tradicional) do país, ademais de uma das praças mais movimentadas da África, a Djema el Fna, que abriga acrobatas, vendedores de suco, dançarinos, músicos, barracas de comida, etc… Foi nesta praça que o transfer me deixou e onde dois meninos me “guiaram” até o Riad onde eu ficaria hospedado.
Os Riads são antigas casas transformadas em hotéis, onde os quartos ficam ao redor de um pátio, e para quem quer entrar no clima, é mais bacana do que ficar em um hotel. Eu me hospedei no Riad Sherazade (Derb Djama 3, Riad Zitoun el-Kedim), que era realmente bem maneiro, com um atendimento ótimo (e eles permitem deixar as malas lá sem cobrar, caso o hóspede vá para um tour no deserto).




Fiz o check-in, acomodei meu pack de pranchas no storage room do Riad, e logo saí para a rua explorar Marrakesh e também para procurar alguma coisa para comer, pois estava faminto.
A praça Djema el Fna é o coração da cidade, onde encantadores de serpentes e barraquinhas de sumo de laranja natural a 50 cêntimos se confundem. É dali que se espalha o grande mercado central, o souk, que é enorme e onde se vende de tudo. Ao redor da praça existem muitos restaurantes com esplanadas panorâmicas. Vale a pena subir em algum, nem que seja para beber uma água (o consumo de bebidas alcoólicas é proibido no Marrocos!) ou comer qualquer coisa, somente para contemplar a praça com todos os seus personagens. Os marroquinos assediam muito os turistas, todos querem oferecer alguma coisa. Embora assuste um pouco, o povo é muito cordial e assaltos são incomuns. Vale, claro, ficar sempre de olho na mochila e não expor objetos de valor. A cidade possui boa infraestrutura turística e clima acolhedor aos estrangeiros, além oferecer roteiros nos arredores que vão desde um passeio à costa, visita aos picos nevados do Atlas ou dormir no deserto.


O nome da praça pode ser traduzido como “Assembleia dos Mortos”, pois ali, há séculos, criminosos eram executados e a cabeça deles, exposta para servir de exemplo. No entanto, como a palavra Djemaa também significa mesquita, o nome do local pode ser traduzido como “Lugar da mesquita desaparecida”, como referência a uma mesquita almorávida destruída.

A praça Djema el Fna transforma-se no final do dia em um verdadeiro restaurante a céu aberto. À noite, são montadas dezenas de barracas de comida típica, onde os sabores da comida de Marrakesh são oferecidos, aos berros, para quem passa. As barracas dominam a praça, juntamente com centenas de turistas e locais. Bem a verdade, nem tudo é muito limpo e higiênico, mas acabei comendo por ali mesmo, e estava bem bom! Não morri e nem tive nenhuma dor de barriga. Aqui vale também aquela máxima de “se está cheio é porque deve ser bom”!




Marrakesh tem uma grande mesquita, a Koutoubia, situada bem próxima da praça Djema el Fna, e ela é um dos monumentos mais representativos da cidade. O nome deriva do árabe al-Koutoubiyyin, que significa “bibliotecário”, pois a mesquita costumava estar rodeada por vendedores de manuscritos. A torre tem 69 metros de altura e uma largura de 12,8 metros. O seu interior é constituído por seis salas, uma por cima da outra, atravessadas por uma rampa que permitia o almuadem chegar à varanda da torre. Foi construída no estilo tradicional almóada e a torre é adornada com quatro globos de cobre. O minarete da Koutoubia é o edifício mais alto da cidade.

Voltei para o meu Riad e avisei a empresa que fazia o tour para o deserto que não poderia embarcar no tour no dia seguinte, pois precisaria ficar em Marrakesh para reaver minha bagagem extraviada. Decidi passar os próximos três dias em Marrakesh mesmo, antes de ir para a costa marroquina para surfar.
Aproveitei esta primeira noite ainda para resolver uma pendência que eu não havia conseguido solucionar no Brasil, que era o deslocamento de Marrakesh para Agadir. O meu destino final não era Agadir em si, mas sim a cidade de Taghazout, que está a cerca de 25 kms de Agadir, e que abriga os melhores picos de surfe do Marrocos. Porém, para chegar até lá eu teria que ir primeiro até Agadir e de lá então fazer um “transfer” para Taghazout.
Para as viagens dentro do Marrocos, os trens e ônibus rodoviários são boas opções. As principais cidades marroquinas estão ligadas por trens, com várias viagens por dia e não são muito caras. A rede funciona melhor a norte e na costa marroquina do Atlântico (mais infos aqui). Os ônibus rodoviários possuem mais opções. As duas principais empresas de ônibus são a CTM e a Supratours e elas oferecem rotas para quase todos os locais no país. Existe ainda a opção dos “grands táxis”, que têm permissão para fazerem viagens longas (enquanto os “petits táxis” rodam apenas dentro das cidades). Sobre os taxis vale uma explicação: nas cidades marroquinas, existem dois tipos de táxis: os petit taxis e os grand taxis. Os primeiros são carros pequenos que só podem transitar dentro das cidades, sendo proibidos de viajar entre municípios. Já os segundos são veículos maiores, geralmente Mercedes antigos, que fazem trajetos mais longos e que ficam em determinados pontos das cidades anunciando seus destinos, vendendo seus lugares e aguardando que fiquem cheios. Um grand taxi normalmente leva até 6 passageiros e costumam ir até cidades próximas. Se você estiver em um grupo com menos de 6 pessoas e quiser privacidade, deve pagar os valores de todos os outros assentos vagos. Caso contrário, prepare-se para esperar o carro encher antes de sair para o destino.
Eu acabei optando por ir de ônibus de Marrakesh até Agadir. Já havia acertado por e-mail a hospedagem em um Surf-Camp de Taghazout, e combinado também com o proprietário de ele ir me buscar na rodoviária de Agadir, no dia 12 às 15 horas, que era o horário de chegada do ônibus que partia as 12:30 de Marrakesh. Porém, as empresas de ônibus de Marrocos não permitem a compra de passagens de fora do país, nem mesmo via web site. Para isso, tomei um “petit táxi” próximo à praça Djema el Fna e pedi que me levasse até a estação da CTM, que era a que oferecia as melhores opções de horário. Comprei a passagem até Agadir para o dia 12 e voltei para a Medina com o mesmo táxi, que havia ficado me esperando.
Voltei para o Riad, tomei um banho e dormi, pois neste dia já estava me sentindo completamente esgotado.
Acordei no dia seguinte, e fui tomar um café na Djema el Fna. De dia se tem a oportunidade de entender melhor a dinâmica da praça. Onde estão os encantadores de serpentes, os vendedores de dentes e dentaduras, os mágicos, as senhoras que fazem tatuagem de henna, as barraquinhas de frutas secas, as barraquinhas dos deliciosos sucos de laranja…
Em seguida, fui passear pelo mercado. O souk se perde por um emaranhado de ruelas onde se vende de tudo. O cheiro de especiarias domina o ar e as lojas oferecem de frutas secas a víveres, passando por tapetes, cristais, cerâmica fina e joias. Em algumas partes do mercado pode-se ver os artesãos trabalhando com metalurgia ou pintura. Perder-se por ali é fácil e divertido.







Quando se aproximava o final da manhã, peguei um taxi e segui para o aeroporto a fim de tentar reaver a minha mala. Chegando lá, fui direto para o portão do desembarque. Lá na porta estava um senhor. Lhe mostrei o meu documento de extravio de bagagem e lhe disse que minha mala viria no voo que estava chegando de Casablanca e que eu tinha que entrar para apanhá-la quando ela saísse na esteira. Para minha surpresa, o senhor me deixou passar para dentro da área de drop-off de bagagens sem fazer nenhum caso! Fiquei lá dentro sentado em frente à esteira que indicava o voo de Casablanca aguardando a sua chegada. O saguão estava completamente vazio e o escritório do “Lost & Found” fechado. Quando chegou a aeronave, para minha felicidade a minha mala foi a primeira que apareceu na esteira!! Peguei ela e me mandei. Ninguém me pediu nenhuma documentação, nada … Somente saí na área de desembarque, tomei um táxi até a Medina e voltei para o Riad para tomar um banho e finalmente trocar de roupa! 🙂
Aproveitei então o resto do dia, bem como os demais, para fazer passeios, desfrutar e conhecer outras atrações de Marrakesh.

















Dentre os locais onde andei, destaco alguns….
O Palácio El Bahia (O Brilhante) foi construído no final do século XIX em estilo árabe-andaluz e, apesar de estar vazio (sem mobilía), é lindíssimo. Tem cerca de 150 divisões e já albergou sultões e as suas comitivas (tipo, 4 esposas, 20 concubinas, criados e guardas!).




O Palácio El Badi, edificado no final do século XVI pelo sultão Saadi Ahmed al-Mansur para celebrar a vitória sobre o exército português em 1578, na Batalha dos Três Reis. Teria sido, inclusive, construído com as indenizações que os Portugueses foram obrigados a pagar na sequência da batalha de Alcácer-Quibir. Está atualmente em ruínas, mas chegou a ser considerado como um dos mais belos do mundo pelos seus mármores vindos de Itália, ouro do Sudão e madeira da Índia. O palácio ganhou o nome de “incomparável” (El-Badi) e tornou-se uma referência arquitetônica no mundo muçulmano.
Um século depois, o irascível sultão Moulay Ismail depenou-o para suas construções em Meknes. Ainda nota-se um pouco do esplendor do que foi o local. Suas proporções ainda impressionam, como a enorme piscina (vazia) e o salão principal então decorado com 50 colunas de mármores. O El-Badi sedia também o Festival de Cinema de Marrekesh.






Anexa ao complexo da Mesquita de Ben Youssef, a Ben Yourself Medersna é um Madraçal (escola islâmica) que abriga alguns dos mais belos exemplos de arte e arquitetura de Marrakesh. É o maior madraçal de todo Marrocos. Este local, onde os estudantes memorizavam o Alcorão foi fundado pelo sultão Abu el Hassan no século XIV. Foi, no entanto, quase totalmente reconstruída pelos saadianos e foram estes que deixaram maior marca na arquitetura e arte do madraçal. O madraçal está centrado num grande pátio com uma piscina para abluções. Os edifícios são feitos de madeira de cedro, com fino estuque trabalhado, mármore e zellige (azulejos coloridos) .
A sala de rezar possui algumas da mais exuberantes decorações em todo o madraçal, com motivos de pinhas e palmeiras, que eram usados nos mihrab, dando um aspecto tridimensional. Em todo o madraçal há numerosas inscrições em reboco e zellige, das quais a mais comum é a invocação bismillah: “Em nome de Alá, o piedoso, o misericordioso”. No pátio central podem-se ver as pequenas janelas dos dormitórios dos estudantes. Mais de 800 estudantes viveram neste madraçal. Todos os quartos se situam em volta de pátios.






Ao lado do Complexo Ben Youssef fica o Museu de Marrakesh. Este é um daqueles museus que não vale pelo que tem exposto, mas sim pelo seu espaço. O espaço do museu é deslumbrante, é um palácio do século XIX bem restaurado, que pertenceu a um membro da corte real. Impressiona o candelabro de estanho que tem no pátio principal. Abriga obras de artesanato e cerâmica local.



No entanto, para mim, o grande barato de Marrakesh foi caminhar belas ruas e se perder pelo meio dos Souks. Para quem deseja se aventurar um dia pelo Marrocos, essa é a dica mais quente: quando em compra nos mercados, não tenha vergonha de pechinchar. Os marroquinos jogam o preço lá em cima, e é até uma ofensa para eles se não tiver uma barganha. Se lhe oferecem algo por 400, replique oferecendo 30! Se você entrar na brincadeira e tiver um pouco de paciência e jogo de cintura, você consegue fechar a compra por uns 50 dirhams!













Dica útil: Quando no Marrocos, só tome água mineral e não aceite gelo para não ter problemas estomacais.
Em busca das ondas …
Dia 12 então era chegada a hora de despedir-me de Marrakesh e partir em busca das ondas. Tomei um café reforçado, fiz o check-out do Riad e tomei um táxi até a estação de ônibus da CTM. Lá, eles têm um procedimento semelhante aos aeroportos, pois também é preciso fazer uma espécie de check-in e despachar as bagagens, algum tempo antes de embarcar no bus. Eu, já ressabiado, resolvi ficar de olho nas minhas coisas até que elas entrassem no ônibus. E não é que se não sou eu a alertar o funcionário encarregado, ele teria deixado meu pack de pranchas para trás lá também!! Incrível!!

Mas novas emoções ainda estavam por vir… Chegando em Agadir, deveria estar me esperando no terminal de ônibus, uma pessoa do surf-camp que eu havia reservado desde o Brasil, para fazer o meu transfer até Taghazout, onde ficaria hospedado e surfando pelos próximos 4 dias. Desci do ônibus e não havia ninguém à minha espera. Aguardei um tempo e nada. Resolvi pegar um táxi por conta e pedi para me levar a Taghazout … e eu falando com os caras com o meu francês brilhante!!
Cheguei lá e ninguém sabia explicar onde ficava o tal do hostel. Até que um homem a quem o taxista pediu informação disse que o hostel que estava fechado! Ele disse que o dono do hostel largou de mão o lugar e não estava mais na cidade. Eu não levei fé no cara, achando que ele estava tentando me “dar o balão” para tentar me levar para outro lugar e tirar alguma grana em cima de mim, e pedi para que ele me guiasse até a localização do hostel. Chegando lá, constatei que o pico estava realmente fechado. O dono “esqueceu” apenas de avisar os “ex-futuros” hospedes! É mole!
Teria eu então que arranjar um local para me hospedar. Esse mesmo cara me disse que tinha alguns apês para alugar, mas eu ainda estava com um pé atrás, pois não o conhecia e não sabia se podia confiar. Resolvi ainda fazer contato com outro hostel que eu havia prospectado desde o Brasil. Esse mesmo cara então me emprestou o celular para fazer a ligação, mas o hostel informou que estava lotado. Como estava sem alternativas, decidi ir ver os tais apês que o homem tinha para locação. Acabei alugando dele um apartamento, e fiquei torcendo para que fosse seguro e que minhas coisas não sumissem enquanto eu fosse surfar … Mas no fim deu tudo certo!
O Marrocos possui uma costa banhada pelo Oceano Atlântico com mais 2000 km de extensão, oferecendo excelentes ondas, que quebram com maior frequência entre os meses de novembro e abril.
A cidade de Taghazout está a mais ou menos 25 km do aeroporto internacional de Agadir. É uma pequena e tranquila vila de pescadores, abençoada com algumas das melhores ondas do Marrocos. Os habitantes são em sua maioria de origem berbere. Nos anos 60 e 70 Taghazout foi muito frequentada e habitada por hippies (dentre estes, Jimi Hendrix), que depois deram lugar aos surfistas. Num raio de 30 km dispõe de uma grande diversidade de Point Breaks, Reef Breaks e Beach Breaks, com direitas e esquerdas perfeitas capazes de satisfazer os surfistas mais exigentes.




Dentre os principais picos da região estão: Anchor Point, Panoramas, Killers Point, Hash Point, Mysteries, La Source, Boillers, Tamri, Banana Beach e Devil’s Rock.

Clique na imagem abaixo para ver maiores detalhes e características de cada um destes picos, neste teaser do Stormrider Guide Europe.

Infelizmente eu não tive muita sorte com as ondas no Marrocos. Nos dias em que eu estive no país não entrou nenhum swell consistente e acabei pegando apenas dois dias razoáveis de surfe em killers Point. A maioria dos picos estiveram quase que totalmente flats durante minha estada em Taghazout. Mas assim é a natureza … não há como prevê-la. De qualquer forma, valeu pela experiência e por conhecer estes lugares clássicos do surfe no continente africano.


























No dia 15 retornei para Lisboa. O mesmo cara que havia me alugado o apartamento em Taghazout fez o meu transfer até o aeroporto de Agadir. De lá tomei um voo para Casablanca, onde fiz a conexão mais uma vez, para seguir então até Lisboa. Cheguei em Lisboa no final de tarde, peguei minha mala e …. cade meu pack de pranchas ?!?!? Extraviado !!! Desta vez veio a mala, mas não chegaram as pranchas!!
Agora, diferentemente do Marrocos, o Lost & Found do aeroporto de Lisboa ofereceu um atendimento muito qualificado. Me asseguraram que recuperariam o meu pack o mais rápido possível (de acordo com eles devia ter ficado na conexão em Casablanca também!) e que me entregariam no meu hostel. Se não conseguissem recuperar em dois dias (quando eu retornaria ao Brasil), eles me enviariam para o meu endereço em Porto Alegre sem custo algum.
Depois destas minhas experiências, deixo uma dica para quem for viajar no Marrocos: não crie um roteiro de viagem muito estrito, pois a todo momento é preciso remanejar algum compromisso e se você estiver com um roteiro muito “apertado”, é possível que tenha que abrir mão de alguma coisa. Crie um roteiro sempre prevendo algum espaço para contratempos e improvisos, pois tudo lá é bem bagunçado, os próprios marroquinos admitem isso.
Uma coisa que me chamou muito a atenção quando desembarquei em Lisboa, foi que o aeroporto estava lotado de suecos fardados com a camiseta da sua seleção. Me dei conta que neste dia aconteceria o primeiro jogo da repescagem europeia para a Copa do Mundo do Brasil, e que naquela noite jogariam no Estádio da Luz em Lisboa, Portugal x Suécia. Peguei então o AeroBus até o hostel, larguei minhas coisas lá, e logo em seguida tomei o metro e me fui direto para o estádio para tentar assistir a partida no campo. Infelizmente não haviam mais ingressos. Assisti ao jogo no lado de fora, num telão do Centro Comercial Colombo, que fica ao lado do estádio, junto com uma multidão de gajos. Portugal venceu por 1 x 0, gol do Cristiano Ronaldo. A festa foi grande e se estendeu posteriormente para o Bairro Alto. Detalhe: o ingresso mais barato para o jogão custava 10 euros e o mais caro 30. E nós pagando mais de 150 reais para ver qualquer jogo da dupla GRENAL … é mole?!




No final da noite, jantei um delicioso bacalhau em um Restaurante chamado Chiado, quase ao lado do Living Loung Hostel, na Rua do Crucifixo. Já estava com saudades !

Aproveitei o último dia em Lisboa para mais alguns passeios e também para fazer algumas compras. Lisboa é ótima para comprar roupas, especialmente para o frio. Qualidade excelente e preços muito bons.
No final da tarde, quando retornei ao hostel, estava o meu pack de pranchas me esperando na portaria! Em Lisboa, vários viajantes com quem eu falei, reportaram o mesmo problema, com pranchas e malas extraviadas no Marrocos. O próprio dono do hostel me contou que esteve viajando por 10 dias no Marrocos com a sua mulher e pelos 10 dias ele não viu a cor de suas pranchas!! Ele recebeu o pack somente 20 dias depois em Lisboa!



Me despedi de Lisboa jantando mais um bacalhau e as 5 da manhã segui para o aeroporto da Portela para pegar meu voo de retorno para o Brasil, após 33 dias viajando por Portugal, Espanha, França e Marrocos. Sem dúvida, uma experiência inesquecível!
Cara animal o blog. To planejando fazer uma surf trip pela franca espanha portugal e marrocos. Me diga uma coisa. Com um carro eh tranquilo eu me locomover de Hossegor para Mundaka por exemplo no mesmo dia ??
Olá Enrico!
Obrigado pelos elogios!
Sim, tu pode se locomover de Hossegor para Mundaka no mesmo dia… tranquilo.. é perto .. inclusive eu fiz isso .. se tu for direto, sem paradas, dá entre 2hrs e 2 hrs e meia de viagem.
Boa sorte !!
Voce tem algum contato que eu possa falar diretamente com voce cara ? Se puder me ajudar ia ser irado !!!
Enrico, pode escrever para andrei_johann@yahoo.com
Abraço!
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Muito bom o seu relato. Claro e bem detalhado. Obrigado
parabéns pelos relatos brother …todos os anos faço 2 trips para lugares diferentes e sempre consulto as dicas que você posta…graças a elas já me livrei de algumas roubadas e tive ótimas surpresas.