Dia 01/11 iniciei o retorno do norte da Espanha para Portugal. Saí de Bilbao pela manhã, visitei a Salamanca e de lá segui rumo a cidade do Porto. Acabei por dormir esta noite na estrada mesmo, dentro do carro, em uma das estações de serviço que existem a cada 20 Km nas auto estradas Portuguesas-Espanholas, já a cerca de uma hora da cidade do Porto. Apaguei completamente e acordei somente às 9 da manhã do dia seguinte. Nada como estar cansado … nunca tinha dormido tão bem dentro de um carro! Tomei um café na própria lancheria do posto de serviços e logo segui para a cidade do Porto.
A cidade do Porto é conhecida como a Cidade Invicta e como a Capital do Norte. É a cidade que deu o nome a Portugal – desde muito cedo (c. 200 a.C.), quando se designava de Portus Cale, vindo mais tarde a tornar-se a capital do Condado Portucalense. É conhecida mundialmente pelo seu vinho, pelas suas pontes e arquitetura contemporânea e antiga, o seu centro histórico, classificado como Património Mundial pela UNESCO, bem como pela sua gastronomia.
O dia estava bem fechado e com muita chuva. Como eu pretendia somente dar uma passeada pelos principais pontos da cidade e seguir viagem para surfar em Figueira da Foz, nem me preocupei com hospedagem no Porto. Apenas arrumei um lugar seguro para deixar o carro estacionado no centro histórico, peguei um guarda chuva e saí rodar pela cidade….
As casinhas decadentes debruçadas umas sobre as outras, equilibrando-se em ruelas, às vezes íngremes, com ou sem escadinhas; a sombra da muralha medieval; o rio, tranquilo, lá embaixo, e a barroca Torre dos Clérigos, exibida, no alto de tudo. É assim o coração da cidade do Porto.
O principal elemento da vida da cidade do Porto é o Rio Douro. Às suas margens estão as bodegas que servem os famosos vinhos da região e também o charmoso Bairro da Ribeira, com cafés, ruas estreitas e casas típicas, com as roupas penduradas nas varandas para secar. O bairro é composto por ruas medievais e becos decadentes, no entanto é um lugar fascinante, que termina com um quadrado na “Praça da Ribeira”. Com barcos tradicionais a flutuar e casas antigas coloridas, este é o local mais pitoresco da cidade e o sítio que todas as pessoas adoram, também declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO.







As igrejas de Porto são verdadeiras atrações nessa cidade à beira mar. A Igreja e Torre dos Clérigos, são monumentos emblemáticos da cidade do Porto. A Torre dos Clérigos possui seis andares, com 76 metros de altura e quando concluída em 1763 era a torre mais alta em Portugal. É um notável marco barroco, projetado pelo arquiteto italiano Nicolau Nasoni, que também desenhou a igreja adjacente. Foi usada como um guia para os navios ao entrarem no Cais da Ribeira. Classificado como um monumento nacional em 1910, pode-se obter uma vista espetacular da cidade do Porto do topo da torre, com a cidade para um lado e a praia para o outro.


Dos Clérigos fui até o largo da Câmara Municipal e em seguida desci até a Estação de São Bento, erguida no início do século 20 no local que antes abrigava o antigo Convento de São Bento de Ave-Maria. O átrio é decorado com 20 mil azulejos do pintor Jorge Colaço que resumem a história de Portugal.






Rumei, depois, para o grande ícone medieval da cidade, a Sé Catedral. Fundada na idade média, em estilo românico, ainda mantém as torres, o rosário central e as naves originais. O claustro gótico, do século 14 e com belos azulejos do século 18, é aberto à visitação.


Da Sé, segui caminhando até a ponte mais famosa da cidade, a Ponte Dom Luís I. Provavelmente uma das estruturas mais emblemáticas no Porto, foi desenhada por Gustave Eiffel antes de ele ter construído a famosa Torre Eiffel, e inaugurada em 1886, sendo, naquela altura, o maior arco de ferro do mundo. Hoje ela serve como passagem para o metrô na parte superior, enquanto que o nível inferior é usado por carros e pedestres, para passar para o lado de Gaia.




Ainda quando eu estava na ponte a chuva apertou muuuito e o vento também. Acabou arrebentando o meu humilde guarda-chuva e tomei um belo banho de chuva. Como não tinha muito para onde fugir, me resignei com o aguaceiro e tratei apenas de proteger as máquinas fotográficas. Voltei para onde estava o meu carro, no centro histórico, troquei de roupa e decidi seguir viagem, dando uma passada na cidade de Coimbra, antes de chegar em Figueira da Foz.
A cidade de Coimbra é envolta em história e desde há muito considerada o centro cultural e intelectual de Portugal. Com ruas estreitas, pátios, escadinhas e arcos medievais, Coimbra foi berço de nascimento de seis reis de Portugal, da Primeira Dinastia, assim como da primeira Universidade do País e uma das mais antigas da Europa.
É considerada uma das mais importantes cidades portuguesas, devido a infraestruturas, organizações e empresas para além da sua importância histórica e privilegiada posição geográfica no centro da espinha dorsal do país. Coimbra é também referência nas áreas do Ensino e da Saúde.

A Sé Velha de Coimbra é um dos edifícios em estilo românico mais importantes de Portugal. Começou a ser construída em 1139.

Cidade historicamente universitária, por causa da Universidade de Coimbra, fundada em 1290, conta atualmente com cerca de 30 mil estudantes. A Universidade de Coimbra é uma das universidades mais antigas ainda em operação do mundo e a mais antiga de Portugal.

De Coimbra, finalmente rumei para a Figueira da Foz. A cidade fica a poucos quilômetros de Coimbra e está situada na foz do rio Mondego com o Oceano Atlântico.


Dei um role pelo centro da cidade e depois fui percorrer as praias. A Figueira da Foz é berço de algumas das melhores e mais longas direitas de Portugal. Neste dia, o vento forte de norte estava deixando o mar bastante mexido nas praias acima da foz do Mondengo.






Fui então até o outro lado do rio, no famoso pico de Cabedelo, que é protegido pelo imenso molhe que adentra ao mar ao sul da boca do Rio Mondengo. Este molhe provém abrigo dos grandes swells e ventos de norte, permitindo também a formação de excelentes bancos de areia. Acabei fazendo uma sessão de surfe aqui, e mesmo com o vento tinham algumas direitas bem boas, abrindo bastante.

No final de tarde ainda dei uma passeada pela área da marina e do porto de Figueira da Foz nas margens do rio Mondengo.

Já anoitecendo segui viagem até Ericeira, onde me hospedei novamente no Hotel Camarão e onde permaneci nos dias seguintes, aproveitando muito as ondas deste local, que é sem dúvida um paraíso para qualquer surfista. Foram mais alguns dias de muito relax, ótimas ondas e excelentes rangos.


Dia 06/11 eu acordei cedinho e fui conhecer a cidade de Sintra, que fica a apenas 32 Km de Ericeira. Com uma atmosfera interiorana e uma gama de estilos arquitetônicos, a cidade está listada como Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco, desde 1995. Entre becos e vielas, Sintra revela preciosidades que fazem parte do passado de Portugal, como o Palácio Nacional de Sintra, o Castelo dos Mouros e o Palácio da Pena, entre outros pontos históricos.
Estacionei o carro no alto da colina do centro histórico da cidade, e saí percorrendo a pé as principais atrações do local.
O Palácio Nacional de Sintra, erguido sobre as fundações de edificações árabes, ao longe é facilmente identificado por seu inusitado e robusto par de enormes chaminés cônicas das cozinhas, de 33 metros de altura. Refúgio de verão da monarquia lusitana desde a época de Dom Dinis (1261-1325), que foi quem lhe conferiu as primeiras formas definitivas, passou por sucessivas e marcantes reformas, com cada soberano imprimindo seu estilo, sob os estilos gótico, mudéjar e manuelino.

Após apreciar o Palácio Nacional segui as placas que indicavam para a Quinta da Regaleira, sem dúvida, um dos lugares mais psicodélicos em que já estive. É um lugar místico que surgiu dos hábitos excêntricos do carioca António Augusto Carvalho Monteiro, um milionário com ascendência portuguesa, que ainda jovem embarcou do Brasil para viver em Portugal. No início do século 20, ele contratou um dos arquitetos mais badalados da época, o italiano Luigi Manini, para esculpir um palacete grandioso em estilo neomanuelino e renascentista.


Mas a sua obra de estimação são os fantásticos jardins, que escondem um dantesco mundo subterrâneo composto de túneis, grutas, poços e muitas construções enigmáticas. Carvalho Monteiro criou um microcosmos cheio de simbologia onde aproveitava para meditar. Diz-se que muitos dos lugares dentro da Quinta escondem significados relacionados com a Maçonaria, os Templários e a Rosa-cruz.



Um dos lugares mais intrigantes da Quinta é o Poço Iniciático, uma galeria subterrânea que podemos descer através de uma escadaria em espiral sustentada por colunas. Essa escadaria é dividida em nove patamares separados por lances de 15 degraus cada um, que dizem fazer referência à Divina Comédia de Dante, e que podem representar os 9 círculos do inferno, do paraíso, ou do purgatório. No fundo do poço está embutida em mármore, uma rosa dos ventos sobre uma cruz templária, que era o brasão de Carvalho Monteiro e, também, indicativo da Ordem Rosa-cruz. O Poço Iniciático está ligado com outros pontos da quinta através de túneis subterrâneos. Lá embaixo, tem um túnel que saí a uns 70 metros, atrás de uma cascata … Louco!











Após este passeio incrível na Quinta da Regaleira, meu próximo objetivo era conhecer o Castelo dos Mouros. Ali do largo em frente ao Palácio de Sintra avistam-se sinistras ameias de um forte aparentemente inacessível. Essas são as ruínas do castelo dos mouros, silencioso marco da ocupação árabe na região. A ampla vista da região que se tem do alto de suas muralhas sempre lhe fora estratégica, mas hoje encantam os turistas.



O Castelo dos Mouros é uma provável construção muçulmana do século 8, que foi tomada pelos cristãos em 1147 e que foi parcialmente restaurada no século 19. Apesar da aparente invulnerabilidade do Castelo, segundo registros, nunca ouve uma batalha travada ali. A subida até o castelo é bem puxada, mas vale muito a pena. Lá em cima dá explorar cada pedaço do castelo, andar pelas muralhas, subir nas torres e ter uma vista panorâmica de toda a região, alcançando até mesmo o oceano atlântico.










Depois de todas estas visitas, eu já estava morto de fome. Fui então fazer aquela que é parada obrigatória em Sintra: a confeitaria mais famosa da cidade, a Piriquita. Lá, são servidas as queijadinhas de Sintra e também o “travesseiro”, um delicioso doce com recheio feito de leite, manteiga, ovos e outros ingredientes que os portugueses não revelam por nada!

Em seguida fui visitar o impressionante e surrealista Palácio da Pena. Esta foi uma das principais residências da família real Portuguesa durante o século XIX. É um dos Palácios mais extravagantes do país, talvez do continente. Erguido no topo da Serra de Sintra, a 500 metros de altitude, apresenta uma miscelânea de estilos que, curiosamente, terminam por apresentar um belo resultado. Os últimos reis portugueses, principalmente D. Carlos I e a esposa D. Amélia, aproveitaram bastante essa residência real. Sua construção foi, na verdade, um capricho de D. Fernando II que, em meados do século 19, transformou um antigo mosteiro no colorido e rebuscado palácio.













Os ambientes internos do Palácio estão recuperados fielmente, como se a Corte ainda habitasse a moradia. A mesa de jantar, por exemplo, se encontra posta com pães de verdade sobre os pratos.
Uma curiosidade: o primeiro chuveiro instalado em Portugal pode ser visto na chamada “sala do duche e massagem”.



Após passar o dia todo em Sintra, segui para Oeiras, onde iria fazer uma visita a minha amiga Fernanda Lazzarotto, que está morando lá em função de uma das etapas do seu doutorado, e havia prometido me esperar com um autêntico chimarrão gaudério, coisa pela qual eu já andava sedento!
No caminho dei ainda uma passada em Carcavelos ….



Chegando em Oeiras, encontrei a Fernanda, tomamos o prometido chimarrão e botamos os papos em dia. Depois, saímos nós dois e também a Graciela (amiga gaúcha que mora com a Fernanda) para comer uma pizza em Carcavelos.




De lá, regressei para Ericeira, onde passaria a última noite antes de retornar para Lisboa.
No dia seguinte, acordei muito cedo para fazer um surfe de despedida de Ericeira, mais uma vez com ótimas ondas em Ribeira D’Ilhas.

Carreguei então o carro com minhas bagagens e segui rumo à Lisboa. Porém, antes de me instalar em Lisboa, segui diretamente para o outro lado do Tejo, na Costa da Caparica, local que também costuma ter boas ondas e onde eu pretendia fazer um surfe. Lá, dei um banho muito bom, de cerca de duas horas, em um mar com ondas de até um metro.








Segui então até o outro extremo da Costa da Caparica, onde encontra-se o Cabo Espichel. Trata-se de um cabo perto de Sesimbra, com vistas deslumbrantes sobre seus penhascos vertiginosos e abissais, acima a Baía dos Lagosteiros, e um santuário com uma história única.
Existe um mito/tradição ligado a este cabo. Ele diz que, no século XIII, um homem teve uma visão de uma grande luz, brilhando sobre o cabo e, nesse lugar, viu a Nossa Senhora escalando sobre as falésias em cima de uma mula gigante. Logo depois, esse lugar se tornou um local de peregrinação importante e uma pequena igreja foi construída, chamada de Ermida da Memória. Ela existe ainda hoje, com o seu telhado arqueado e um painel de azulejos mostrando essa famosa e fabulosa cena.
Muito interessante é que existem várias pegadas de dinossauros expostas nas falésias do cabo, exatamente no lugar que é mostrado nos azulejos (chamado Jaziga da Pedra da Mua), tornando estas a representação mais antiga conhecida de pegadas de dinossauros no Mundo! Ou as maiores pegadas de uma mula gigante … 🙂 Esta arriba calcária de inclinação quase vertical é a que melhor explica, em toda a Europa, o comportamento dos dinossauros terópodes e saurópodes, que viveram há aproximadamente entre 155 a 145 milhões de anos.
Não muito longe, nos séculos XVII e XVIII, foi construído um complexo santuário, chamado Santuário de Nossa Senhora do Cabo Espichel, que inclui a igreja (ainda em uso hoje) e uma grande hospedaria, em ambos os lados da igreja, que recebia o grande número de peregrinos. Hoje em dia, esta hospedaria está abandonada, e é possível explorá-la tranquilamente.
Além disso, o cabo também tem um farol com uma torre de 32m hexagonal, e um aqueduto e casa de água, que traziam água para o santuário.







Do Cabo Espichel retornei para Lisboa. Fui então conhecer o Parque das Nações. Esta foi a designação dada ao bairro surgido na antiga Zona de Intervenção da Expo, que inclui o local onde foi realizada a Exposição Mundial de 1998 e ainda todas as áreas que estiveram sob administração da Parque Expo S.A. Esta área tornou-se, entretanto, um centro de atividades culturais e um novo bairro da cidade, com perto de 15.000 habitantes, com várias instituições culturais e desportivas próprias.
O Parque das Nações é atualmente considerado como um dos bairros mais seguros da cidade de Lisboa. A sua arquitetura contemporânea, os espaços de convívio e todo o projeto de urbanização e requalificação urbana trouxeram nova dinâmica à zona oriental da cidade de Lisboa que, em 1990, ainda era uma zona industrial.
Deixei o carro estacionado no parking subterrâneo da Gare do Oriente. De lá, segui caminhando em direção ao Tejo, atravessei o Centro Comercial Vasco da Gama e logo cheguei na área do Parque, que percorri toda a pé.

Destacam-se, como exemplos da arquitetura presente no Parque das Nações, as abóbadas das plataformas da Gare do Oriente, de Santiago Calatrava, impondo a sua linha arquitetônica e, o Pavilhão de Portugal, do arquiteto português Álvaro Siza Vieira, que tem por entrada uma imponente pala de betão pré-esforçado, que se baseia na ideia de uma folha de papel pousada em dois tijolos.
O Parque dispõe de um Pavilhão do Conhecimento, um moderno Museu de Ciência e Tecnologia com várias exposições interativas, um teleférico que transporta os visitantes de uma ponta à outra da área da antiga exposição. De referir ainda o Pavilhão Atlântico, a emblemática Torre Vasco da Gama, o edifício mais alto da cidade, e o Oceanário de Lisboa, um dos maiores aquários do mundo.
Aproveitando a sua localização geográfica, o Parque possui também uma moderna marina com mais de 600 postos de amarração destinados a embarcações de recreio, assim como infraestruturas, preparadas para acolher grandes eventos da atividade náutica.






Esta aqui é Ponte Vasco da Gama, sobre o rio Tejo, na área da Grande Lisboa, ligando o Montijo e Alcochete a Lisboa e Sacavém.


Findada a visitação ao Parque das Nações fui até a Baixa, onde mais uma vez me hospedei no Living Lounge Hostel. Descarreguei todo o meu material do carro para o meu quarto e em seguida dirigi o veículo até o aeroporto para fazer a devolução do mesmo. Ao fim de 15 dias, entreguei o carro com um total de 3.476 Kms rodados pela Europa. Foi chão!

Retornei de metrô até a Baixa, jantei um saboroso Bacalhau e dormi feito uma criança!
Ainda curti mais um dia em Lisboa antes de embarcar para o Marrocos, onde passei os 8 dias seguintes.
Em breve, escrevo trazendo os relatos das aventuras no continente Africano.
Abraço!
Que show Andrei. Parabens pelo blog! Desloquei o ombro surfando, to no m de Deus agora inclusive pra uma consulta. Vou ter q dar um time no surf ate me recuperar. Natasurf parada tb… Infelizmente. Abraco brow
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Putz, que zica hein Rodrigo!
Boa sorte com tudo aí e boa recuperação! Com calma e paciência, tudo se resolve.
Quando tiver com o ombro legal, volta lá no nata!
Abração!
queria te enviar uns documentarios de surf que ja fiz, chamam se na trilha das ondas, me passa seu email para falrmos ok? muito bom o post…abs
Márcio, pode mandar para andrei_johann@yahoo.com e vamos mantendo contato!
Abraço!