-> Recoleta
No meu segundo dia em BsAs eu tinha por objetivo conhecer a Recoleta, Palermo e se desse tempo o Abasto (bairro de Gardel). Comecei o dia tomando um cafezão reforçado no hostel, pois continuaria a explorar a pé os bairros da cidade. Me mandei pela 9 de Julio em direção norte para alcançar o bairro Recoleta. A Recoleta é talvez o bairro mais elegante da cidade, pontuado com palacetes e edifícios com forte influência europeia.
A história do bairro Recoleta tem efeito direto da epidemia de febre amarela do ano de 1871. O bairro atraiu famílias ricas do sul da cidade, fugindo da epidemia de febre amarela, pois a altura do terreno reduzia a presença de insetos portadores da doença. Enquanto as classes populares foram liquidadas no sul-sudeste da cidade, os mais ricos construíam mansões na Recoleta.
Comecei a descoberta deste bairro pela pequena plaza Carlos Pellegrini que condensa a sua volta exemplos da beleza arquitetônica clássica da região. Em um dos lados da praça, na Calle Arroyo fica a impressionante residência oficial do embaixador brasileiro, o Palácio Pereda. (A embaixada Brasileira fica dobrando a esquina, no nro 1350 da calle Cerrito.)



A poucos metros do Palácio Pereda está a embaixada da França, no Palácio Ortiz Basualdo. Também tem endereço na Plaza Carlos Pelegrini o exclusivíssimo Joquey Club, fundado em 1882. Justamente ali termina a Av. Alvear, a mais elegante avenida de BsAs que vai até o coração da Recoleta. Ao longo de suas 7 quadras há uma susseção de palacetes e edifícios dos tempos áureos da Argentina, muitos dos quais ocupados hoje por grifes internacionais e galerias de arte. Percorri toda a Av. Alvear, até chegar ao Boulevard da Recoleta onde se encontram diversos bares, entre eles o Café La Biela, ponto de encontro de jornalistas e intelectuais argentinos.
Na calle Guido está o café Havanna e Na Vicente Lopez com Uribura o Bar Locos x El Fútbol.



Em frente ao Boulevard está o Cemitério da Recoleta, que é uma das principais atrações turísticas da cidade, e toda a vida mundana da região se constrói em seu entorno. O Cemitério da Recoleta está entre os mais belos do mundo e abriga túmulos e mausoléus de aristocratas e outros importantes personagens da história buenairense, como a ex-primeira-dama Evita Perón.





Da Recoleta, parti em direção ao bairro Palermo. A ligação da Recoleta com Palermo se faz pelas avenidas del Libertador e Figueroa Alcorta. A partir do Museo de Bellas Artes uma sucessão de praças fazem da caminhada na região uma atividade muito agradável.
Segui ziguezagueando pelas Avenidas Libertador e Figueroa Alcotra em direção ao Palermo, bairro que respira boemia e conta com o melhor da gastronomia porteña. É o maior bairro da cidade e divide-se em Palermo Chico e Palermo Viejo, que por sua vez, cogrega as áreas conhecidas como Palermo Soho, com lojas e bares moderninhos e Palermo Holywood, assim chamado graças à forte presença de estúdios e produtoras de TV, cinema e rádio.
Na Av. Figueroa Alcotra, passei pela linda faculdade de Direito que tem estilo neoclássico, e uma quadra adiante pela Floralis Generica. Obra do arquiteto argentino Eduardo Catalano, esta imensa flor metálica de seis pétalas, localiza-se sobre um espelho d`água, proporcionando um belíssimo efeito de luzes com o reflexo do sol no aço.




Logo em seguida cheguei a região conhecida como Palermo Chico. Destoando do traçado quadriculado e retangular que caracteriza BsAs, o Palermo Chico se estende por ruas tortuosas. O bairro foi criado em 1912 pelo paisagista Charles Thays. Nascido em Paris em 1849 ele se radicou no país e morreu em BsAs em 1934. Thays é um dos orgulhos nacionais Argentinos. No trajeto por este nicho de Palermo há uma série de embaixadas abrigadas nos antigos palacetes do início do século 20.


Logo adiante passei pelo MALBA – Museu de Arte Latino Americano de Buenos Aires – que tem a mais importante coleção de arte latino-americana do século 20, e seguindo pela Figueroa Alcotra cheguei ao pulmão verde da cidade, área conhecida como os bosques de Palermo, que é uma grande extensão de parques muito concorridos nos finais de semana e pelos praticantes de esportes.


Uma das atrações é o Jardin Japones (www.jardinjapones.com.ar) que reproduz os jardins, cascatas e pontes vermelhas característicos do extremo oriente.



Na esquina da Libertador com a Sarmiento está o bonito Monumento de Las Cuatro Regiones Argentinas. Logo atrás, na Plaza Holanda fica o Rosedal. Rosas de todo o mundo compõem a arquitetura do lugar, totalmente ao ar livre e às margens dos lagos. Mais adiante, está o Planetário de BsAs.








No outro lado do Monumento de Las Cuatro Regiones, fica o Zoologico de BsAs, que ostenta o título de segundo mais visitado do mundo. O Zoo de BsAs permite que as crianças alimentem os animais (com rações vendidas em quiosques especiais) … e aqui, diferentemente de outros zoos, diversas aves como o pavão correm livremente …. festa da criançada !


Subi pela Sarmiento até à Plaza Itália. Ao lado, está o Jardin Botanico, outra obra do paisagista Carlos Thays, que abriga esculturas, fontes e mais de 7 mil espécies de plantas do mundo todo.

De lá peguei a Calle Jorge Luis Borges e caminhei 11 quadras até chegar a Plaza Serano no Palermo Soho. Neste percurso, passei pela a casa onde viveu Jorge Luis Borges durante sua infância, no nro 2135.

Com bares, restaurantes e lojas vanguardistas a Plaza Serrano é o coração do Palermo Soho, bairro conhecido por seu estilo artístico e boêmio.

Pertinho Dalí, na Calle Honduras está a tradicional livraria e loja de discos Miles que tem CDs descolados entre clássicos do jazz, pop, tango, bossa-nova.

Parei mais adiante na calle Serrano para matar a fome. Para variar comi mais uma parrilla na Parrilla Estilo Criollo.

Como ainda estava cedo, decidi caminhar do Palermo Soho até o Abasto, o bairro de Gardel. Cortando o bairro de Almagro, fui pela Calle Lavalle até chegar ao Shopping Abasto. O edifício do shopping era antes um mercado de frutas e verduras, mas os tempos mudam e desde 1998 se converteu em um dos maiores centros comerciais de Buenos Aires. Dentro deste shopping está o Museo de Los Niños, único na America Latina. O museo de lós niños é uma cidade em escala infantil repleta de espaços interativos: dá para sacar dinheiro de mentirinha no caixa eletrônico do banco e gastar no supermercado vizinho, ser repórter de jornal e até motorista de ônibus. Construído com base na Declaração dos Direitos das Crianças, seu público-alvo acaba aprendendo sobre a vida adulta de maneira lúdica e pedagógica.




Ao lado do shopping está a pasaje Carlos Gardel, rua em memória ao ícone máximo do tango, que nasceu em Toulose, na França, e chegou com sua mãe ao bairro Abasto com apenas 2 anos. Por volta dos 20 começou a cantar tango na região, conhecida com um dos berços do ritmo porteño. Nesta passagem exclusiva para pedestres se destacam os murais com temas tangueiros e a estátua do cantor, inaugurada em 2000.



Montado na casa onde o cantor viveu com a mãe até ir para a França em 1933, na Calle Jean Juarés, está o Museo Casa Carlos Gardel, que preserva o escritório e a sala de ensaios original da época. Há também objetos, revistas, recortes de jornal e livros sobre o artista, além de discos e cartazes de shows. (www.museocasacarlosgardel.buenosaires.gob.ar)









De lá, voltei pela Corrientes caminhando até o Centro.. Cheguei no Hostel já no início da noite completamente destroçado, pois neste dia devo ter caminhado uns 20 km !
À noite, jantei uma massa deliciosa no Restaurante La Casona na Corrientes e fui para o berço.