Acordei as 8hrs me sentindo bem melhor da gripe e descansado. Tomei um café reforçado no hostel (bem bom, por sinal) e sai para a rua.



Saindo do Hostel e caminhando algumas quadras pela Corrientes cheguei ao primeiro local de visitação que tinha me proposto a fazer no centro de BsAs.
O Obelisco e a Av. Nove de Julio. O Obelisco fica exatamente no cruzamento da Rua Corientes e da Av Nove de Julio. Este monumento é uma das imagens mais emblemáticas da cidade e comemora o quarto centenário da fundação da capita. Foi construído em um tempo recorde de 4 semanas, sobretudo tendo em conta que por debaixo passa o metro. Desde aqui é possível ter uma vista privilegiada da Avenida 9 de Julio, que é a mais larga do mundo (ao menos isso afirmam os porteños!).





Depois de apreciar este monumento e tirar algumas fotos, caminhei pela 9 de julho em direção sul até chegar na Av. de Maio. Construída em 1894 nos moldes da Champs-Elysées, famoso boulevard de Paris, a avenida conecta a Casa Rosada ao Congresso.

Pegando a Av. de Mayo à direita, mais 4 quadras cheguei na Praça do Congresso, onde encontra-se o Congresso dos Deputados, que abriga a Camara dos Senadores e Congressistas. A praça do Congresso foi desenhada pelo arquiteto paisagista francês Carlos Thays, responsável pelo traçado de importantes espaços verdes da Cidade, como o Parque Tres de Febrero e a praça San Martín. Foi inaugurado durante as comemorações do centenário da revolução independentista de maio de 1810. Aqui na praça do Congresso também está uma das oito cópias originais do Pensador de Rodin, feitas antes de destruir o molde.








Voltando pela Av. de Maio em direção agora à Plaza de Maio, passei pelo Palácio Barolo. Foi construído em 1923 a mando de Luis Barolo, que temendo a destruição total do continente europeu – ideia recorrente no período entre guerras – construiu este edifício com o intuito de preservar uma das mais importantes obras literárias de todos os tempos: A Divina Comédia, de Dante Alighieri. Há referência não apenas nos detalhes, mas na própria decoração das salas e na arquitetura do prédio. Desta forma suas três partes aludem ao inferno, ao purgatório e ao paraíso, concebidos por Dante.

Mais adiante, cheguei no Café Tortoni. Aberto em 1858, trata-se do mais antigo da cidade. Ponto de encontro de artistas, escritores e políticos, é um ícone da cidade e preserva o estilo da inauguração, com espelhos, lustres e cristais. Aproveitei para comer umas media-lunas e tomar um submarino – barra de chocolate mergulhada em uma xícara de leite quente. Muito bom !




Um pouco mais adiante, cheguei à Estação Peru de Subterrâneo (Metro). Primeira linha de metro da America do Sul foi inaugurada em 1913 e até hoje mantém características arquitetônicas e cartazes publicitários da época. Os trens são de madeira e as portas fecham manualmente .. uma viagem ao passado..






Não tem lugar melhor para entender a história Argentina, que aonde termina a Avenida de Mayo. Ali estão o Cabildo, a Plaza de Mayo, a Catedral de BsAs e a Casa Rosada.
O nome da Plaza de Mayo lembra a revolução de 25 de maio de 1810, quando os moradores portenhos se reuniram naquele local para expulsar o vice-rei e designar o primeiro governo crioulo. Desde meados do século XX é testemunha de grandes mudanças e acontecimentos sociais e políticos que marcaram os destinos do país.


O Cabildo é um edifício histórico que foi a sede administrativa da coroa espanhola. Durante a época colonial, o edifício teve várias funções jurídicas e administrativas, além de servir de prisão. O Cabildo de Buenos Aires teve ainda mais importância a partir da criação em 1776 do Vice-Reino do Rio da Prata, cuja capital era Buenos Aires. Foi no Cabildo da cidade que foi declarada a Revolução de Maio de 1810, primeiro passo da independência de vários países da região platina.

A catedral de BsAs se encontra onde à construíram os colonizadores espanhóis no ano de 1850, a direita da Plaza de Mayo. A chama eterna acesa em sua fachada recorda o General Jose de San Martin, herói da independência. A cúpula é do renascimento italiano, e as doze colunas representam os apostoles. As distintas origens que compõe os elementos da catedral são mostras claras das diversas procedências que tiveram a população da argentina.




A Casa Rosada tem sido a sede do poder executivo desde 1873. Segundo alguns, a cor rosa foi escolhida para mostrar a unidade política entre o vermelho dos federais e o celeste dos unitários. Segundo outros, ganhou a cor em razão da mistura de cal e sangue de boi usada para impermeabilizar as paredes do antigo forte no qual foi erguida. A famosa sacada para a Plaza de Mayo foi palco para diversos discursos inflamados de Evita Peron e também onde a seleção argentina comemorou a copa de 1986.





Também é na Plaza de Mayo que as mães de desaparecidos durante a ditadura militar (1976-82), conhecidas como Las Madres de Mayo, se reúnem todas as tardes de quinta-feira para realizar manifestações em que pedem esclarecimento sobre o destino dos seus filhos. Desde 1977, elas caminham em torno de uma dos mais antigos monumentos argentinos, a Pirâmide de Mayo, que está no centro da praça e foi construída em 1811 para marcar o primeiro aniversário da independência.

Da Plaza de Mayo, segui para o Puerto Madero que se encontra logo atrás da Casa Rosada. Puerto Madero leva o sobrenome de seu idealizador, Eduardo Madero, um comerciante argentino que idealizou e apresentou o projeto do porto em 1882. O projeto apresentado por Madero visava solucionar os problemas que a capital argentina tinha em relação à profundidade de suas águas, o que impedia a aproximação de navios de grande porte. O comerciante conseguiu, entre vários projetos analisados, se destacar por sua proposta moderna e funcional. A construção do porto durou 10 anos (1887 a 1897). Apesar de concluído em 1897, o projeto já se tornara obsoleto devido ao grande volume de embarcações e da intensidade das atividades portuárias, o que resultou na necessidade de se construir outro porto, o Puerto Nuevo.







Subtraído de sua função, o porto entrou em decadência e se tornou uma área completamente abandonada durante anos, até que em 1989 foi aprovado um projeto de revitalização e urbanização da área. Desde então, o porto passou por diversas reformas até chegar ao seu formato atual, atraindo empreendimentos, empresas nacionais, internacionais e principalmente restaurantes, que se distribuem entre os diques. Puerto Madero se tornou, inclusive, um dos referenciais gastronômicos da cidade.
No dique 3 do Puerto Madero, encontra-se a Puente de La Mujer. Obra do arquiteto espanhol Santiago Calatrava, a ponte retrátil com 160 metros de comprimento foi inspirada na imagem de um casal dançando tango.



A direita da Puente de La Mujer está a Fragata Sarmiento. A fragata foi construída na Inglaterra para funcionar como escola naval em 1897 e, depois de 39 viagens, está hoje aportada ao dique III de Puerto Madero. A embarcação soma em sua história várias viagens internacionais, até aos poucos reduzir sua atividade aos rios da Plata, Paraná e Uruguai. Em 1964, por fim, a fragata abandona as navegações e é aportada para se transformar em museu, condição em que se encontra até hoje.












Caminhei pelo Puerto até o final do dique 4 e fui até a Reserva Ecologica Costanera Sur que fica atrás do Puerto Madero, sobre aterros no Rio da Plata. Com 360 hectares de mata, a reserva é a maior área verde de Buenos Aires. Atrai milhares de porteños em busca de atividades ao ar livre e de contato com a natureza.





Saindo do Puerto Madero e segui pela Av. Cordoba e fui até a Lavalle onde comi um belo bife de Chorizo na Parrilla El Gaucho. Não sei o que eles colocam na carne, não consegui identificar quais temperos eram, mas tem um gosto inacreditável !



Com as energias repostas, fui dar uma passeada pela Calle Florida.
Em um mapa que data de 1582 – apenas dois anos depois que Dom Juan de Garay fundasse Buenos Aires – aparece traçado o caminho que, após vários séculos, transformaria-se na Rua Florida.
Em meados do século XVIII, esta via tomou o nome de San José e para 1785, o Vice-rei Nicolás del Campo, marquês de Loreto, ordenou pavimentá-la com paralelepípedo. Após as invasões inglesas de 1806 e 1807, o Vice-rei Santiago de Liniers dispôs mudar seu nome por Baltasar Unquera, em
homenagem a seu assistente, um tenente de navio que tinha participado na defesa da Cidade. Finalmente, em 1814, foi batizada de Valle de la Florida, em homenagem à vitória contra os realistas no Alto Peru.
Nas comemorações do Centenário da Revolução de Maio, em 1910, Buenos Aires vestiu-se de gala, e a Rua Florida, sendo na época uma importante artéria comercial, foi a principal via de circulação. Aproximadamente em 1913, alguns trechos desta rua passaram a de pedestres (calçadão) e, em 1971, o trânsito em toda sua extensão foi proibido.
Pela Florida, segui até a Galerias Pacífico.
Este monumental prédio foi construído no final do século XIX para albergar a loja Bon Marché, mas por causa da crise econômica da época, ela não chegou jamais a ser inaugurada e os locais foram ocupados por comércios menores. Em 1896, neste lugar se localizou a primeira sede do Museu Nacional de Belas Artes, que funcionaria aqui até 1910.
Em 1908, a empresa Ferrocarril Buenos Aires al Pacífico adquiriu parte do imóvel para instalar seus escritórios, e a partir de então foi conhecido como Edifício Pacífico.
Na década dos anos quarenta, foi realizada uma remodelação que mudou, em parte, a fisionomia do prédio. Acrescentou-se uma cúpula coberta de afrescos dos prestigiosos artistas Antonio Berni, Lino Spilimbergo, Juan Carlos Castagnino, Manuel Colmeiro e Demetrio Urruchúa.
Após vários anos de abandono, o velho comércio foi novamente inaugurado em 1990 como um centro comercial. Então, quatro novos murais, realizados por Rómulo Macció, Josefina Robirosa, Guillermo Roux e Carlos Alonso, foram agregados.
Além da ampla variedade de lojas comerciais, nas Galerias Pacífico funcionam o Centro Cultural Borges, que oferece exposições e oficinas de formação artística, e a Escola de Dança e Comédia Musical Julio Bocca.







De lá, caminhei até a Plaza General San Martin no Retiro, onde se encontram o Memorial aos mortos nas Ilhas Malvinas e a Torre de Los Ingleses.
O terreno onde fica a Praça San Martín foi cenário de importantes fatos da história da Cidade. Em 1807, durante a segunda invasão inglesa, desenvolveu-se neste lugar o combate que resultou em uma vitória do povo local e a zona foi batizada popularmente de “Campo de la Gloria”. Aproximadamente em 1812, o general San Martín instalou aqui os quartéis do Regimento de Granadeiros a Cavalo e fez exercícios militares em preparação para as campanhas contra os realistas. O prédio passou a ser conhecido como “Campo de Marte”.
Ao completar-se o centenário do nascimento do prócer, em 1878, foi-lhe dado o nome de Praça San Martín, algumas obras foram feitas para embelezá-la. Em 1932 a praça se estendeu até o pé do característico barranco e, um ano depois, o trecho da Rua Arenales, que até então a atravessava, foi interditado para o trânsito.
O traçado atual da praça é resultado de diferentes projetos realizados pela Prefeitura de Buenos Aires. O paisagista francês Carlos Thays, responsável por muitos dos principais espaços verdes da Cidade e Diretor de Parques e Passeios a partir de 1891, fez aportes significativos e incorporou novas espécies à sua vegetação.
Além de seus variados exemplares autóctones e exóticos, a Praça San Martín apresenta importantes monumentos e obras escultóricas. Em 1942, foi declarada Local Histórico.






Ao lado da Torre de Los Ingleses está a Estação de Trens Retiro.
A estação do Retiro foi construída conforme um projeto realizado por engenheiros e arquitetos ingleses em 1908 e inaugurada em 1915. Todas as peças utilizadas em sua construção foram fabricadas no Reino Unido.
Sua estrutura corresponde às grandes estações de passageiros do século XIX. O setor da frente, com seus altos vitrôs, seus bares e o Grande Vestíbulo, tem a marca do academicismo francês. O segundo bloco, desenhado em torno da saída e chegada de trens, foi realizado segundo um critério funcionalista em ferro e vidro, materiais típicos das edificações da Revolução Industrial. Duas grandes naves paralelas de 250 m de comprimento constituem o setor das gares.
Esta impressionante estrutura de ferro foi na época uma das maiores do mundo. Com os anos, foi restaurada em várias oportunidades e sofreu diversas remodelações, sem perder sua fisionomia monumental. Em 2006 foi declarada Monumento Histórico Nacional.



Da Estação Retiro, peguei a Av. Santa Fé e caminhei até a Livraria El Ateneo. A livraria El Ateneo se encontra no antigo teatro Grand Splendid fundado em 1908. Restaurado, o local manteve a grandiosidade clássica, com seus balcões e camarotes , em uma área de 2 mil metros quadrados, que abrigam 60 mil títulos e puro glamour. Ali, os visitantes podem ler um livro tranquilamente em um dos antigos camarotes ou no café da própria livraria, instalado no palco do antigo teatro.









Voltado em direção ao Obelisco, aproveitei para conhecer o Teatro Colón.
O Colón, declarado Monumento Histórico Nacional em 1991, é um dos teatros líricos mais importantes do mundo. Grandes cantores, bailarinos e intérpretes da mais alta hierarquia internacional passaram por seu cenário: Enrique Caruso, María Callas, Alfredo Kraus, Vaslav Nijinsky, Maia Plissetskaia, Julio Bocca, Arturo Toscanini, Igor Stravinsky, dentre tantos outros.
Entre 1857 e 1888 o teatro funcionou em frente da Praça de Maio, onde hoje se ergue o banco da Nação Argentina. A construção do edifício atual foi iniciada no começo da década de 1890, no terreno ocupado pela primeira estação ferroviária do país.
Três arquitetos participaram de forma sucessiva na elaboração dos planos do prédio e direção da obra: Francisco Tamburini, Víctor Meano e Jules Dormal. O prédio foi finalmente inaugurado em 25 de maio de 1908, com a apresentação da ópera Aída, de Giuseppe Verdi.
Seu estilo combina as características da arquitetura italiana com detalhes ornamentais franceses. O vestíbulo da entrada, sobre a Rua Libertad, apresenta uma grande escadaria que conduz à sala principal, em forma de ferradura, iluminada por um importante lustre com mais de quinhentas lâmpadas. No centro da sala se alça uma cúpula decorada com uma pintura mural do artista argentino Raúl Soldi que data de 1966. A sala tem uma excelente acústica, quase 2500 poltronas e uma capacidade máxima de 3000 espectadores.
O teatro conta, ainda, com o Salão Dourado, espaço ideal para realizar concertos de música de câmara. Os subsolos albergam diferentes oficinas: cenografia, alfaiataria, tapeçaria, cabeleireiro, sapataria, escultura e pintura, dentre outros, onde as próprias produções cênicas são realizadas.



Do Colon, desci toda a Calle Corrientes até o Luna Park. Passei pelo prédio comercial localizado no nro 348 da Corrientes, que é cantado no primeiro verso do tango de 1925 “A media luz”: “Corrientes tres cuatro ocho, / segundo piso, ascensor. / No hay porteros ni vecinos, / adentro, cocktail y amor…” Em frente ao prédio há uma placa comemorativa.


Mais adiante, passando por outra Parilla, comi um autêntico Choripan Argentino. Delicioso. E para completar, um sorvete de doce de leite e chocolate amargo na sorveteria Freedo. Sem dúvida, o melhor sorvete que já experimentei.









Voltei para o Hostel, dei uma descansada e saí novamente para jantar na Corrientes. Comi uma pizza maravilhosa na Pizzeria La Rey, quase ao lado do Obelisco, bem em frente ao Teatro Nacional. Por sinal, é incrível a quantidade de teatros que há na Corrientes. É um atrás do outro, todos enormes e todos bombando !!







Antes de dormir, ainda dei uma passada na Fusion, Pub do Hostel que eu estava hospedado, que fica no porão do prédio. O local pela manhã funciona como restaurante onde é servido o desayuno, e a noite vira um Pub/discoteca. E o local está sempre fervendo!
O bom é que como a discoteca fica no subsolo, não se escutava nada do barulho nos andares de hospedagem (a partir do terceiro piso).