Acordamos bem cedo e fomos direto fazer o surfe em Punta Rocas. Chegamos lá e só tinha um cara na água. O swell estava sinistro.
Punta Rocas é um lugar histórico para o surfe do Peru, já que foi ali onde em 1969, quando era realizada uma das etapas do circuito mundial, o peruano Felipe Pomar se consagrou campeão mundial de surfe, convertendo-se assim, no único sul-americano a alcançar este feito.
Punta Rocas é uma onda oceânica sobre uma bancada de pedras. É uma longa remada até se chegar no point. Neste lugar, quebram tanto direitas como esquerdas, porém, a melhor e a clássica de Punta Rocas é a direita. É uma onda que proporciona um longo recorrido ao surfista e, além disso, é um dos picos mais constantes do Peru, quiças do mundo ! Sempre tem onda em Punta Rocas ! O tamanho da onda varia de 3 à 15 pés, e é recomendável sempre surfar de prancha grande, de 6’5’’ à 8’, devido ao fato de ser uma onda com muita potência e volume de água, mesmo nos dias menores.


Resolvemos encarar, mesmo a gente achando que o mar estava muuuito storm, e nos atiramos para enfrentar primeiro Explosives (nome da onda do inside de Punta Rocas) e depois a longa remada até o outside. Foi um banho cabuloso ! O point estava muito mais atrás que o habitual e o canal fechado. Fomos tomando bombas e mais bombas na cabeça até conseguirmos chegar lá fora. O João ficou pelo caminho. Eu e o Luis, demos o “azar” de varar ….
Eu já cheguei morto no pico e com o psicológico abalado, depois de tanto sufoco e de tomar tanta bomba na cabeça. Era a primeira vez que eu caía em Punta Rocas e estava difícil até de se posicionar corretamente no pico, porque vinham umas “placas de água” as vezes mais para a direita, outras mais à esquerda.
E quem disse que minha 6’8’’ entrava em alguma onda ?? As ondas estavam tão grandes e com tanto volume d’àgua que minha semi-gun não fazia nem cócegas nelas. Eu subia as lombas remando e nem perto de encaixar em alguma. Parecia que eu estava surfando um mar de 4 metros gordo com uma 5’6’’ !
“Bom, preciso pegar ao menos uma para sair daqui …” foi o que pensei, seguido de “vou tentar pegar um rabo de espuma na beirada de alguma onda para ela me embalar, aí eu subo e faço a onda até o inside ..”. Posso dizer que esta não foi uma boa ideia. A espuma de Punta Rocas é uma “Scania sem freios”, e ela não empurra, mas sim engole o cara…. E foi o que me aconteceu … tomei uma vaca sinistra e fui empurrado pela espuma para debaixo do pico. Levei mais umas 5 ondas da série na cabeça, mais uns quantos goles de água, e fui parar quase nas pedras … Teve um momento em que eu já estava esgotado e já nem sabia mais se eu tentava dar joelinho para furar as bombas que vinham ou setentava remar para o canal… já estava sem forças …
Depois de um bom tempo naquele perrengue, consegui ir para o canal e sair do mar. Então, só o que eu fiz foi me atirar na areia e ficar lá por uns 5 minutos deitado, apenas respirando e imóvel. Parecia que haviam sugado todas as minhas forças …. O Luis saiu na remada, direto na linha do canal. E nos mandamos dali !
Confesso que a minha primeira experiência em Punta Rocas não foi algo que se possa chamar de agradável …
Chegamos na pousada e fomos os sites de previsões e todos apontavam Punta Rocas com 12 pés OVER..
Na sequencia almoçamos, arrumamos as malas, embalamos as pranchas e nos mandamos para Lima para comprarmos os tickets de bus e subirmos para o norte peruano, mais especificamente, para Pacasmayo.
O José nos levou até Lima. O swell está tão forte aqui na região, que em Lima mesmo está rolando altas ondas na Costa Verde. Ontem quebrou La Herradura, que é uma onda aqui de Lima que rola só com swell grande e muitos a consideram a melhor onda do Peru. Os picos de tow-in de Punta Hermosa também funcionaram hoje: Pico Alto, Kon Tiki e Peñascal.
Primeiramente, fomos tentar comprar as passagens pela “Transportes Cruz Del Sur”. Em Lima não há uma rodoviária única, cada empresa de autobus tem o seu próprio terminal, onde vendem as passagens e de onde os ônibus partem. Não conseguimos passagens na Cruz Del Sur, já estava tudo lotado.
Fomos então até o terminal da Cial e compramos quase as últimas passagens que haviam disponíveis para o ônibus que saía as 10 da noite. Não conseguimos comprar poltronas de bus-cama (que são mais espaçosas e deitam 180 graus), acabamos ficando com as convencionais mesmo, que são na parte de cima do ônibus.
Já despachamos nossas malas e pranchas naquela hora mesmo no terminal (aqui o esquema das bagagens funciona tipo aeroporto) e, como tínhamos algum tempo ainda até a partida do bus, pegamos um táxi e pedimos que nos levasse até algum shopping próximo, para que pudéssemos jantar e comprar alguns lanches e água para levar na viagem.




Neste momento, já jantamos e estamos escrevendo de um cyber aqui de Lima. Daqui a cerca de uma hora partimos para Pacasmayo. Vamos tentar pegar El Faro, Chicama e Puemapi …. dependendo das condições, subiremos depois ainda para Lobitos e Piscinas.
Buenas, por hora é isso …. mandamos mais novidades lá do norte ….
Abraço !

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